Política Titulo
Funerárias temem municipalização do serviço
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
11/05/2005 | 11:53
Compartilhar notícia


Empresários do setor funerário de São Caetano não estão nem um pouco satisfeitos como a administração vem tratando assuntos relacionados à area. Isso porque a Prefeitura ainda não promoveu encontro com os proprietários para discutir mudanças no mercado. Desde a criação do Secom (Serviços Comunitários Municipais), no fim do ano passado, muitas empresas temem perder espaço de trabalho. Motivo: a nova autarquia tem por objetivo municipalizar o serviço funerário.

Terça-feira, seis empresários do setor reuniram-se para discutir a situação. Eles pretendem agendar encontro com o prefeito José Auricchio Júnior para debater idéias. “Isso ainda não aconteceu”, diz Celso Sepulvida, dono da GS. Os donos de funerárias também pensam em formar associação, sindicato ou cooperativa para terem respaldo legal. “Precisamos primeiro saber o que nos espera”, alerta Domingos Sávio Roggério, proprietário da Abcel.

Os empresários são unânimes em dizer que não estão contra a administração pública, mas que apenas querem participar dos debates sobre o setor funerário. “Estou neutro. Não quero saber de política. Meu interesse é manter minha empresa de pé”, afirma Valter Nickel, proprietário da Nickel.

Entre outras atribuições, o Secom administrará velórios municipais, os três cemitérios da cidade – das Lágrimas, Santa Paula e Cerâmica – e implementará o SVO (Serviço de Verificação de Óbito).

Em abril, sob o argumento de que há funerárias demais em São Caetano, o novo diretor-superintendente do Secom, Maurílio Teixeira, disse que pretendia unificar as empresas do setor. A proposta que provocou muito barulho entre proprietários de funerárias é a que unifica as empresas. A intenção do superintendente é criar uma sociedade anônima e transferir os funcionários e serviços para um único galpão. A fiscalização ficaria a cargo do Secom. “Vamos fazer como? Formar uma S.A. (Sociedade Anônima)? Se for assim, já vai começar com distorções, porque cada um aqui tem uma funerária com número de funcionários e de carros diferentes”, pondera Roggério, da Abcel.

Maurílio Teixeira garante que inicia nesta quinta-feira as reuniões com os proprietários de funerárias. Mas alerta que os encontros serão individuais e que ele se deslocará até a empresa. “Fica melhor tratar individualmente, assim posso explicar com mais detalhes e tirar todas as dúvidas de cada empresário. É mais cansativo, mas dá mais resultado. Com todos juntos, tumultua”, diz Teixeira.

O diretor-superintendente, por sinal, é proprietário há anos da Funerária São Paulo. Mas garante que pretende fechá-la.

O projeto de lei que criou o Secom foi elaborado no fim do ano passado pelo então prefeito Luiz Tortorello. À época, donos de funerárias reclamaram que o projeto beneficiaria alguém.

Mapeamento – Por enquanto, a Diretoria de Serviços Comunitários Municipais conta apenas com o diretor-superintendente. Com a ajuda de funcionários da Diretoria de Urbanismo, Obras, Habitação e Meio Ambiente, Teixeira diz que está cadastrando os funcionários e mapeando detalhadamente os três cemitérios da cidade. A previsão de conclusão do levantamento é de 30 dias.

A intenção do mapeamento é reformar os três cemitérios, tornando os serviços informatizados e instalando painéis com a localização de cada sepultura. A vigilância nos cemitérios passará a ser permanente. Serão colocadas câmeras e os funcionários das necrópoles terão de trabalhar uniformizados.

A sede do IML (Instituto Médico-Legal), no Cemitério das Lágrimas, será realocada da entrada principal para um canto do cemitério. No mesmo lugar, ficará o SVO (Serviço de Verificação de Óbito), que apurará mortes por causas naturais no município.

A edificação onde está hoje o instituto, na rua da Paz, será demolida. No lugar será construída uma sala de velórios, com cantina 24 horas. A previsão é ter a obra pronta até o feriado de Finados, em 2 de novembro. O orçamento da Secom é de R$ 250 mil.

O diretor-superintendente do Secom, Maurílio Teixeira Martins, foi cinco vezes vereador, pelo PTB e depois pelo PPS – na última vez, em 1996. Por duas vezes consecutivas presidiu a Câmara Municipal. Advogado e dono de funerária, trabalhou na campanha à prefeitura de José Auricchio. O convite para chefiar o órgão que cuidará do serviço funerário municipal partiu do próprio prefeito.



Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;