Logo após, às 19h, Miranda - também deputado federal pelo PT-MG - integra a mesa de debate na abertura da 1ª Conferência Municipal de Cidadania e Direitos Humanos.

"Estávamos ansiosos por esse dia, porque a esquerda é muito representativa nesta regiao, mas tivemos de adiar muitos lançamentos, devido a agenda do Miranda", explica Tibúrcio.

De fato, o livro, uma co-ediçao da Editora Fundaçao Perseu Abramo e da Boitempo Editorial, teve o seu lançamento oficial em agosto, na cidade de Belo Horizonte (MG), e deveria ter sido lançado em Santo André em setembro, o que nao ocorreu.

Porém, apesar dos contratempos, a obra vem sendo muito bem recebida em todas as cidades pelas quais passaram os autores, integrando a programaçao comemorativa dos 20 anos da Lei da Anistia. O livro, que custa R$ 35, já vendeu quase 2 mil exemplares, um número bastante significativo se for considerado o fato de que trata de um tema político.

A obra - Dos Filhos Deste Solo narra a história dos mortos e desaparecidos políticos durante a ditadura militar brasileira, e ajuda a construir a memória das principais organizaçoes de esquerda que atuaram no Brasil ao longo do regime autoritário imposto pelos militares depois do golpe de 1964.

"É uma obra de extrema importância, especialmente para aqueles que nao viveram esse período", garante Tibúrcio, que também é jornalista e dirigente do grupo Tortura Nunca Mais.

Segundo ele, a publicaçao também é importante pelo fato de ser a primeira após o Estado brasileiro ter reconhecido sua responsabilidade sobre as mortes (ou desaparecimentos) de presos políticos, com a Lei 9.140, de 1995, que determinou as condiçoes necessárias para a reparaçao moral da história pessoal dos personagens diretamente envolvidos, e também para a indenizaçao financeira dos familiares desses perseguidos.

Apreensao - Por tratarem de assuntos controversos e, na maior parte das vezes, ainda obscuros, Tibúrcio e Miranda se sentiram apreensivos antes do lançamento. "Nós procuramos situar a história da esquerda no Brasil, a história de cada militante no contexto da organizaçao e da época, porque acreditamos que tudo isso é uma contribuiçao indispensável para a história", analisa Tibúrcio. "Por outro lado, nunca deixamos de ter a consciência de que tais informaçoes poderiam gerar um campo crítico muito grande. Isso de fato aconteceu, mas estamos aliviados por nao ter sido nada contundente, nada que comprometesse a obra ou que forçasse alteraçoes", completa o jornalista.