A criação do céu e da terra é uma história que rende as mais diferentes versões. As possibilidades em torno do início de tudo contam com olhares distintos para cada pessoa e sua crença. Buscando inspiração na cultura africana, a HQ 'Orixás - Do Orum ao Ayê' (Marco Zero Editora, 80 páginas, R$ 19,90) retrata como os deuses e os homens iniciaram sua trajetória de maneira neutra e longe de fazer apologia a uma religião específica.
"O texto foca a criação do mundo de maneira independente da religião", explica Alex Mir, responsável pelo roteiro da publicação. "A falta de conhecimento do público em torno desse tipo de cultura é ruim e o livro pode quebrar essa barreira."
Morador de Mauá, Mir buscou referências sobre esse universo em suas pesquisas sobre o assunto. A cada nova descoberta, mais ele se interessava por figuras como Odudua, Ifá, Ogum, Nanã e Iansã. "A mitologia africana é muito rica e pouco divulgada no Brasil. Esse desconhecimento de algo tão abrangente foi o que me chamou a atenção."
Na HQ, os leitores têm contato com Olorum, ser supremo que inicia o nascimento de Oxalá, o primeiro Orixá (como são conhecidos os deuses). A união dos poderes de pai e filho dá origem a mais divindades, que ocupam o Orum (designação para o céu).
Após um tempo no paraíso, Oxalá tem a missão de criar o Ayê, nova terra que será habitada por homens e mulheres moldados à fôrma dos deuses. A convivência diária entre os Orixás e essas novas criaturas é cortada após um garoto quebrar pacto secreto e instigar a ira de Oxalá.
Como as lendas são muitas e não é possível apontar uma versão realmente correta, o trabalho de adaptação do escritor foi árduo. "O mais complicado foi trazer todo um universo para os quadrinhos. Pode ser que alguém faça crítica negativas específicas sobre esse mundo, mas fizemos um produto infanto-juvenil. Não queríamos fazer nada pesado", diz Mir.
O projeto da HQ retoma trabalho da revista 'Orixás', mas conta com textos inéditos. As ilustrações do livro são assinadas por Caio Majado e Omar Viñole, que tiveram dificuldades em bolar os desenhos. Segundo Mir, "temos poucas referências visuais. As informações que existem nos livros fazem com que tudo fique meio parecido e queríamos bolar algo um pouco diferente."
Atualmente, o roteirista prepara um segundo volume para 'Orixás' que traz novas lendas a serem adaptadas para os quadrinhos.
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