A ONU pede que o governo de Caracas garanta "investigações transparentes" em relação às mortes ocorridas nos últimos dias na Venezuela, no contexto de protestos realizados em diversas cidades do país.
"Estamos profundamente preocupados com a escala de violência na Venezuela", declarou Ravina Shamdasani, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos. "Pedimos que as forças de ordem atuem e operem respeitando suas obrigações", alertou, numa referência às suspeitas de violação de direitos humanos. "A administração desses protestos precisa estar dentro de padrões internacionais", insistiu, alertando que o uso da força seja evitado.
"Pelo menos 23 mortes foram supostamente relatadas e o contexto não está claro", disse. "Pedimos que esses incidentes sejam investigados. Mas essas investigações precisam ser transparentes", afirmou.
Para a população, o escritório da ONU também faz um apelo. "Solicitamos que usem meios pacíficos para fazer suas vozes serem ouvidas", disse.
Por anos, o governo de Caracas tem rejeitado a entrada de missões da ONU relacionadas com apurações sobre direitos humanos.
Na semana passada, a ONU já havia alertado ao governo venezuelano de Nicolás Maduro que sua iniciativa de entregar armas à população apenas faria aumentar o risco de um confronto no país.
"Dar armas a civis implica um risco muito alto", alertou Rupert Colville, porta-voz do Alto Comissariado da ONU para Direitos Humanos, órgão que ao longo dos anos tem tentado aproximar a oposição ao governo de Maduro, sem sucesso. "O que se necessita nesse contexto de conflito é que a tensão seja reduzida, não que seja incrementada. Quanto maior o número de armas pelas ruas, maior a possibilidade de que possam ser usadas", disse Colville.
Maduro anunciou a aprovação de um plano para expandir para 500 mil os membros da milícia bolivariana. Segundo ele, o grupo estará em todo o território para a "defesa do país". "Uma arma para cada miliciano", prometeu Maduro, em um anúncio na noite de ontem por radio e televisão.
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