A problemática das ocupações irregulares continua mostrando o quanto a questão impacta na qualidade das águas, como analisado na quarta semana da Expedição Billings, iniciativa da USCS (Universidade Municipal de São Caetano), por meio do projeto IPH (Índice de Poluentes Hídricos), em parceria com a empresa ProMinent.
Nos 29 pontos avaliados nesta etapa, sendo 23 na Capital e seis em São Bernardo (todos no bairro Curucutu), pioras no nível de oxigênio são mais significativas em áreas com maior índice de moradias – fato que, na última avaliação, foi vista, principalmente, em território paulistano.
“O ideal de oxigênio é acima de cinco microgramas por litro. No ano passado tinha aumento significativo de oxigênio e agora, em seis pontos na Capital, estava muito abaixo do que era esperado. O oxigênio somente diminui para decompor matéria orgânica que, infelizmente, vem de esgoto. Nos pontos de São Bernardo, que não tinha tanta ocupação, o mais baixo foi 5,6 microgramas por litro, na divisa com a Capital”, fala a especialista em recursos hídricos e coordenadora do projeto IPH/USCS, Marta Ângela Marcondes. No município são-bernardense, todos os pontos avaliados estavam regulares.
Outro fato preocupante, também visto na Capital, foi a batimetria (medição da profundidade das massas de água), situação que pode impactar no Grande ABC, onde a Billings ocupa maior parte. “Tivemos diminuição da capacidade de armazenamento de água porque tem acúmulo de sedimento no fundo (da represa) e não podemos nos dar ao luxo de diminuir. Começa a sedimentar o fundo da represa, na Capital, e depois é trazido ao Grande ABC e impacta a nossa região”, salienta Marta.
A presença excessiva de cianobactérias (algas), já vistas em pontos analisados na terceira semana, também foi encontrada nessa etapa. “Os primeiros nove pontos, na Capital, estava com muita alga, como se fosse uma mata.
Os outros também tinham, mas em menor quantidade. As cianobactérias são um tipo de micro-organismo que produz toxinas letais para animais que consomem esta água e, se a gente entrar em contato também, causa irritação de pele”, ressalta.
A especialista frisa a importância de conter as ocupações. “É necessário que exista fiscalização mais efetiva. Nossa preocupação é ver que a cada dia tem aumentado os aguapés, que estão ocupando essas margens e que vão para baixo da represa, começando um processo de assoreamento do reservatório.”
A expedição entrou ontem em sua quinta semana. A sétima e última avaliação ocorrerá de 8 a 12 de maio.
Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.