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Variedade para enfrentar a tradição
Por Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
07/11/2004 | 14:38
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Com a chegada das festas de final de ano e o aumento da procura por produtos natalinos, os fabricantes de panetone não tradicionais tentam manter sua presença no mercado da região com a diversificação de produtos e preços baixos. Hoje, esses produtores – padarias, confeitarias especializadas e supermercados – representam cerca de 40% do mercado regional, segundo o Sipan (Sindicato da Indústria de Panificação de Santo André e região).

Mesmo prevendo estabilidade ou pequenos aumentos na produção e na venda de panetones, os produtores continuam investindo em diferenciais que possam fazer frente às marcas tradicionais, como a Bauducco, que recentemente adquiriu a Visconti e se tornou a principal indústria do ramo.

"Buscamos qualidade superior, mais variedade e preços competitivos para conseguir nos colocar no mercado. Como não trabalhamos com grande volume de produção, a idéia é oferecer produtos que dificilmente serão feitos em larga escala", afirmou Antonio Carlos Henriques, presidente do Sipan.

Entre padarias e supermercados, é possível encontrar variedade considerável de panetones produzidos na região além dos tradicionais, com frutas cristalizadas. Podem ser encontrados panetones com trufas, nozes, chantilly, chocolate, sorvete e até salgados, com ervas finas, por exemplo.

O presidente do Sipan acredita que os panetones produzidos no Grande ABC custem em média de 20% a 50% menos que os panetones feitos pela grande indústria. "Trabalhamos com preços inferiores e boa qualidade para conquistar novos clientes, mas ainda assim mantemos as marcas tradicionais em nossas gôndolas", afirmou Evanir José Izolani, gerente de negócios de Panificação da rede de supermercados Coop, do Grande ABC.

Para 2004, a expectativa da rede é produzir 407 toneladas de panetones, 350 apenas no período entre setembro e dezembro, considerado pela Coop a "alta temporada" da produção. O crescimento, nesses meses, deve ficar em torno de 8% em relação a igual período do ano passado.

A Coop intensificou sua produção há três anos, segundo Izolani, e hoje a venda de panetones próprios representa um terço do total vendido na rede. A Coop não informou o valor investido anualmente na produção de panetones.

Para a Ben-Hur, fabricante de panetones de São Caetano que fornece para supermercados de diferentes regiões do país, a venda do produto não terá crescimento com relação a 2003. "A renda dos trabalhadores ainda é baixa, o que dificulta a comercialização desse tipo de produto. Nosso resultado em 2004 deve ser próximo ao do ano passado", afirmou Aldo Valentino, gerente de vendas da empresa, que não revelou a produção estimada para este ano.

O presidente do Sipan também aponta essa tendência. "Se alcançarmos as mesmas vendas de 2003 já é razoável. Nos últimos dois anos, o setor de panificação e confeitaria sofreu uma queda como um todo", afirmou.

No caso das padarias, a diferenciação é a única saída possível de mercado, segundo o proprietário da rede Padaria Brasileira, Antonio Henrique Afonso Júnior. "Nosso grande concorrente é o produto oferecido no supermercado. Por isso nos especializamos em trabalhos que eles não serão capazes de oferecer. É mais complicado operacionalmente, mas é o único caminho", afirmou.




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