Economia Titulo
Sincopeças mede ação de atacadista
Niceia de Freitas
Do Diário do Grande ABC
11/12/2004 | 11:38
Compartilhar notícia


O Sincopeças (Sindicato do Comércio Varejista de Peças e Acessórios para Veículos no Estado de São Paulo) vai realizar, no ano que vem, pesquisa para descobrir qual é o impacto para o setor independente da comercialização, pelos distribuidores, de peças diretamente para os aplicadores (oficinas e centros automotivos). Os lojistas reclamam que, ao "pularem" o segmento de varejo, os atacadistas prejudicam e enfraquecem os pequenos comerciantes.

A questão é polêmica porque o mercado de reposição independente de autopeças é grande e diversificado. O setor movimenta anualmente R$ 1,8 bilhão no Estado de São Paulo, reúne 12 mil lojas de autopeças (contra 800 do setor atacadista) e emprega cerca de 120 mil pessoas. Segundo o diretor do Sincopeças, Francisco De La Torre, a ação dos distribuidores é predatória e pode levar à redução do setor varejista. Além disso, o atacadista não agrega qualquer valor à cadeia.

"Já o varejista não só entrega as peças como também leva informações, realiza palestras técnicas e responde mais rapidamente às solicitações do cliente, principalmente em relação à garantia", acrescenta. De La Torre também explica que o ramo varejista reúne mais pontos de venda do que o atacadista, o que confere ao varejo vantagem logística para atender a clientela.

Israel Bovolini, sócio-proprietário da loja Bovolini Autopeças, de São Bernardo, e também diretor do Sincopeças, ressalta que a briga é antiga, mas se acentuou nos últimos anos. Ele estima que cerca de 80% dos distribuidores vendem diretamente para os aplicadores.

  Bovolini lembra que, nos tempos de alta inflação, o comércio varejista operava com grandes estoques. Mas agora, com o controle inflacionário, os lojistas deixaram de estocar peças. "Com isso, os distribuidores entendem que perderam mercado e passaram a vender direto aos aplicadores", opina.

Para correr atrás do prejuízo, Bovolini diz que a saída para os lojistas é ampliar o leque de marcas e produtos. Mesmo assim, ele diz que a margem apertada tem impedido o segmento de fazer investimentos, o que conseqüentemente tenderá a um enxugamento do mercado.

Luiz Carlos Vieira, diretor executivo da Andap (Associação Nacional dos Distribuidores de Peças), reconhece a prática e alega que alguns itens têm mesmo de ser entregues diretamente à oficina quando esta é representante autorizado de determinado fabricante. "Quem ganha é o consumidor, que paga uma etapa a menos", diz. Por outro lado, Vieira admite que o varejo tem importância fundamental porque oferece grande variedade de itens, resultado do variado leque de modelos nacionais e importados vendidos no país.

A prática de venda direta para aplicadores muitas vezes é "camuflada". A Shark Automotive, rede de distribuidores com unidade em Santo André e outras 16 no país, alega que as oficinas mecânicas alteram a razão social para se tornarem compradoras, segundo o gerente de Vendas, Álvaro Akira Takeuchi. "As empresas se apresentam como automecânica peças e serviços e não conseguimos identificá-las", argumenta. As oficinas mecânicas, por sua vez, alegam que compram apenas de lojas especializadas e não de distribuidoras.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;