A coalizão militar liderada pelos Estados Unidos teve um domingo de baixas e más notícias na campanha da segunda Guerra do Golfo Pérsico. Cidades como Umm Qasr e Nassiriya (ambas ao sul), supostamente conquistadas pelos aliados no final da semana, foram palco de batalhas duras contra bolsões de resistência iraquiana. Pela primeira vez nos quatro dias de 'Operação Liberdade do Iraque', os americanos e britânicos confirmaram notícias de soldados mortos ou desaparecidos em batalha, além de outros que foram pegos como prisioneiros de guerra pelos iraquianos.

"Foi o dia mais duro de resistência que nós tivemos até agora. Nós entendemos que devem haver outros dias difíceis à frente, mas o resultado ainda é certo", afirmou o tenente-general John Abizaid, o número dois das operações militares americanas, em referência às dificuldades em Nassiriya. Ele confirmou que 12 soldados que participavam de um comboio de apoio nas imediações da cidade estão desaparecidos após uma emboscada iraquiana. Os militares provavelmente foram capturados como prisioneiros de guerra.

Abizaid confirmou ainda vítimas entre os fuzileiros navais americanos (Marines) nos combates travados nas imediações de Nassiriya – além dos 12 desaparecidos na emboscada ao comboio. O oficial disse acreditar que "são menos de dez" os mortos. A rede britânica BBC fala que são pelo menos seis mortos e 14 feridos. O Ministério da Defesa da Grã-Bretanha anunciou na madrugada desta segunda-feira que dois soldados britânicos estão desaparecidos no sul do Iraque.

O governo do Iraque afirma que matou 25 americanos na área, além de ter destruído 30 tanques e blindados em toda a região sul do país.

Neste domingo, a TV estatal do Iraque divulgou imagens de cinco prisioneiros americanos, dois deles aparentemente feridos, e corpos de outros cinco soldados mortos na região de Nassiriya.

A divulgação das imagens foi duramente criticada pelos Estados Unidos. O secretário de Defesa, Donald Rumsfeld, classificou o vídeo como "propaganda" iraquiana. Já o chefe das Forças Armadas, Richard Myers, disse que a exibição viola a Convenção de Genebra sobre os prisioneiros de guerra e classificou o fato como "apenas um crime a mais do governo iraquiano". O presidente George W.Bush lamentou as baixas e disse esperar que os americanos sejam tratados como prisioneiros de guerra. "Temos valores e princípios", respondeu o ministro iraquiano da Defesa, Sultão Hachem Ahmed.

Mais baixas - O governo do Iraque também anunciou neste domingo a captura de dois pilotos das forças aéreas aliadas. Os militares teriam se ejetado de um caça que os iraquianos dizem ter abatido nas imediações de Bagdá, às margens do rio Tigre.

A emissora árabe de notícias Al Jazeera (baseada no Qatar) mostrou muitos populares, alguns fortemente armados, disparando contra a vegetação das margens do rio. Outros homens armados também podiam ser vistos em barcos, à procura dos pilotos. O chefe do Estado Maior conjunto americano, general Richard Myers, negou a perda de qualquer avião aliado sobre Bagdá. "Acabamos de verificar, todos os aviões foram reportados seguros neste momento", disse Myers. "Não temos nada que sustente essa afirmação dos iraquianos de que algum piloto tenha se ejetado de seu avião sobre Bagdá", acrescentou.

Este domingo também marcou o primeiro caso de 'fogo amigo' da guerra. Um caça GR4 Tornado da Royal Air Force (Grã-Bretanha) foi abatido por uma bateria americana de mísseis Patriot quando retornava de uma missão no Iraque e caiu nas proximidades da fronteira com o Kuwait. Os dois tripulantes da nave, ambos britânicos, morreram.

No manhã deste domingo, dois soldados da unidade de apoio que acompanha a 3ª Divisão de Infantaria americana no sul de Iraque se envolveram num acidente com um veículo. Um deles morreu e o outro está ferido, internado em um hospital militar no Kuwait.

Nos últimos dois dias, os aliados já perderam 19 soldados (14 britânicos e cinco americanos) em acidentes de helicóptero na região do conflito.

Com agências