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Empresas e governo discutem tarifa de ônibus
Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
03/12/2004 | 09:24
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Eventual acordo entre empresários que comandam o transporte público na região e governo federal para desoneração da folha de pagamento de empregados do setor, que incide em 55% na composição da passagem dos ônibus, poderá ser fechado em menos de seis meses. A negociação está sendo mediada entre o Ministério das Cidades e a AETC/ABC (Associação das Empresas de Transporte Coletivo do ABC) e poderá evitar reajuste de 42% das tarifas municipais, que podem saltar dos R$ 1,75 praticados hoje para R$ 2,50.

Segundo o diretor da Secretaria Nacional dos Transportes, vinculada à pasta de Cidades, Luiz Carlos Bertotto, esse é o prazo legal para que a proposta de desoneração, que está sendo elaborada pelo governo, seja levada para votação no Congresso Nacional. Essa é apenas uma das propostas que as empresas estão negociando em Brasília para conseguir reduzir o preço das tarifas em até 53%. Entre as outras medidas que integram a pauta de debates, está a redução de 50% do valor do óleo diesel vendido nas bombas.

O combustível, que move a frota de 1,9 mil ônibus em circulação no Grande ABC e é responsável pela composição de 15% do valor das passagens, não deverá ter seu preço alterado, uma vez que o preço do combustível segue as regras do mercado internacional e é cotado em dólar. Pelo menos 16% do consumo nacional é importado. Para Nivaldo Gomes, presidente da AETC, a concessão desses benefícios seria a melhor alternativa para evitar um suposto colapso das empresas do setor.

Segundo Gomes, muitas estariam com dificuldades em saldar dívidas e estariam a ponto de quebrar. Segundo planilha de custos da AETC/ABC, desde o último reajuste das passagens municipais, em novembro de 2002, o valor do óleo diesel sofreu aumento de 58% e os vencimentos dos motoristas, 18%. No entanto, de novembro de 2002 a outubro deste ano a inflação acumulada medida pelo IGP-M (Índice Geral de Preços de Mercado), medido pela Fundação Getúlio Vargas, foi de 23,16%, metade do reajuste que as empresas pedem.

Caso ocorra o aumento de 42% no valor das passagens de ônibus municipais, a AETC acredita que haverá uma debandada de até 30% no volume de passageiros na região, hoje estimado em 700 mil pessoas ao dia. De acordo com Nivaldo Gomes, presidente da entidade, são pessoas que, por falta de dinheiro, utilizariam outro meio de transporte menos honeroso. Levantamento realizado ano passado pelo Diário junto a prefeituras e empresas do setor de transporte público já apontava a tendência de esvaziamento dos ônibus.

Quanto ao transporte intermunicipal, a Secretaria Estadual dos Transportes não prevê aumento de tarifa.




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