Dinheiro sujo, corrupção, homicídios... A investigação sobre o assassinato do vice-presidente do Banco Central da Rússia, Andrei Kozlov, expôs o lado oculto do setor bancário russo. "O sistema bancário tem sérios problemas", acusou o deputado russo Pavel Medvedev, membro do Conselho Nacional Bancário, a instituição governamental encarregada de desenvolver o setor.
Kozlov era famoso por sua luta contra os bancos corruptos, mas os banqueiros estão convencidos de que o Banco Central também abusa de seu poder e que o sistema governamental de controle dos bancos igualmente é corrompido. "O problema da corrupção no Banco Central é gigantesco", afirma Alexei Mamontov, chefe da Associação Internacional Monetária de Moscou, criada em 1999 pelos principais barcos comerciais russos para desenvolver as operações bancárias.
O banqueiro russo Alexei Frenkel, detido em janeiro e acusado pelo assassinato de Kozlov, publicou na imprensa russa uma carta que acusava o Banco Central de participar em uma rede bancária que produz dinheiro sujo. Frenkel afirma que os bancos russos recorrem a uma prática semi-ilegal, a "obnalitchivanie", que permite aos empresários recuperar dinheiro nos bancos sem pagar impostos, passando-se por sociedades de fachada.
Segundo o banqueiro, o BC não apenas luta contra tais abusos, como participa neles realizando operações duvidosas em troca de subornos e castigando aos que se negam pagar.
Este dinheiro sujo é utilizado para financiar todos os setores da economia russa, incluindo as eleições, acusa Frenkel, ex-diretor do VIP, banco suspeito de lavar dinheiro e privado, por isso, de licença em 2006. "Não existe um só banqueiro que possa botar a mão no coração e dizer que não participou em operações duvidosas", enfatiza Mamontov. O presidente do Banco Central, Serguei Ignatiev, negou as acusações, que definiu como "infundadas". "Estas informações são difundidas por aqueles a quem o Banco Central impede de realizar operações bancárias ilegais", afirmou.
O vice-presidente do Banco Central, conhecido por seus esforços em termos de transparência no setor bancário, Andrei Kozlov foi assassinado a balas em setembro de 2006 na saída de um estádio de futebol de Moscou. Em 2006, retirou a licença de 44 bancos dos 1,2 mil existentes no país, a maior parte por atividades ilegais. Entre as licenças retiradas estava a do VIP.
Depois de sua morte, a preocupação sobre a situação no setor bancário se multiplicou. "Temos todos os tipos de problemas com o sistema de vigilância das atividades bancárias", afirma Andrei Iemeline, subdiretor da Associação de Bancos Russos.
A Câmara de Auditorias anunciou sua intenção de lançar investigações dentro do Banco Central e estão previstas audiências parlamentares em março para discutir uma nova legislação que poderá reduzir determinados poderes do BC.
A revista financeira Expert assinala que uma lei contra o dinheiro sujo dos bancos "privarias de rendas muita gente, não apenas na comunidade bancária, como também nas autoridades reguladoras dentro da Administração".