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Pais e professores fazem manifestação em São Bernardo
Por Clébio Cantares
Do Diário do Grande ABC
05/11/2009 | 07:31
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"O prefeito Luiz Marinho está acabando com a Educação de São Bernardo". Com essa frase, a mãe de um estudante da cidade resumiu o desgosto de mais de uma centena de pessoas, entre pais e educadores da cidade que protestaram ontem no plenário da Câmara. Em comum, a mesma reclamação: o desmonte promovido pelo chefe do Executivo na Educação municipal, minando programas educacionais bem-sucedidos da gestão anterior como bibliotecas interativas, laboratórios de informática e ateliês de arte. Após tentativas fracassadas de aproximação com Marinho, que se recusou a recebê-los, uma comissão foi recebida pelo secretário de Governo, José Albino de Melo.

Segundo os manifestantes, os professores que foram preparados para orientar alunos nas bibliotecas interativas e nos laboratórios de informática estão sendo retirados dos projetos especiais e transformados em substitutos. "A secretária de Educação (Cleuza Repulho) falou para a gente que lugar de professor é na sala de aula. Mas os laboratórios e bibliotecas são a extensão delas. Eles não aceitam isso. Acabaram até com a formação musical dos estudantes. Não teremos mais corais. Estão acabando até com as aulas de robótica. É um absurdo", criticou a professora Melissa Silvério.

O fim das verbas para as APMs (Associações de Pais e Mestres) também foi motivo de reclamações. "A Cleuza prometeu no início do ano que iria falar com todos os professores antes de qualquer mudança, mas começou o desmonte nas férias de julho. Não acreditamos mais no que ela diz. Eles querem colocar técnicos nos laboratórios e bibliotecas, sendo que o ideal é que sejam educadores", reclamou outra professora que pediu para não ser identificada.

Recebidos pelo secretário de Governo, pais e professores enfrentaram outra decepção: não tiveram garantia alguma de que seriam atendidos pelo prefeito. "Ele (José Albino) disse que estava apenas nos ouvindo, mas que não poderia garantir data para o prefeito falar com a gente. É um absurdo o que estão fazendo. Terei de tirar minha filha da escola porque eles não têm qualquer compromisso com a Educação", reclamou a dona de casa Márcia Ferreira.

Indignada, outra mãe afirmou que a Prefeitura está promovendo a exclusão dos moradores. "A população elegeu o prefeito Luiz Marinho acreditando em sua proposta de inclusão, mas, na verdade, o que ele está fazendo nesta área é uma vergonha, uma verdadeira exclusão", disse Anamar Soares Arruda.

Ex-secretário de Educação, o vereador Admir Ferro (PSDB) afirmou que Marinho quer desmontar a estrutura para fazer outra com a marca petista. Nosso laboratório de informática foi desenvolvido pelo pessoal da Escola do Futuro da USP (Universidade de São Paulo). Outro erro terrível é trocar os professores por técnicos. Os educadores foram treinados para isso e sabem muito bem o que estão fazendo", ressaltou Ferro.

Secretária admite defasagem e justifica mudanças

A secretária de Educação de São Bernardo, Cleuza Repulho, admitiu que está remanejando professores porque entende que "a prioridade é mantê-los em sala de aula". Ela também afirma que existe defasagem de educadores na estrutura de ensino. "Temos salas nas mãos dos professores que seriam substitutos e deveriam ficar à disposição para cobrir faltas. Enquanto isso, muitos profissionais atuam como coordenadores", disse. "Haverá abertura de concurso para 170 coordenadores pedagógicos. Eles poderão se inscrever no concurso. Aí teremos condições de alocar cada educador no lugar correto.

Segundo Repulho, a administração trata da transição desde o início do ano, sendo que nenhuma decisão foi tomada sem o conhecimento dos professores e do prefeito.Ela acredita que a manifestação não retrata o pensamento da maioria dos profissionais. "Temos 5.000 professores no município, então o número que esteve na manifestação certamente não condiz com o que todos pensam. Não queremos acabar com nada, tanto que compramos 4.000 computadores para renovar os equipamentos dos laboratórios",

SUCATEAMENTO - O governo de São Bernardo tem mostrado que não pretende aproveitar modelos atuais de Educação. Além do desmonte com a estrutura de bibliotecas e laboratórios, dispensou o projeto educacional da Cidade da Criança, após a reforma realizada pela administração de William Dib (PSDB), que custou cerca de R$ 21 milhões, verba da Secretaria Municipal de Educação e Cultura. Agora, Marinho pretende privatizar o equipamento, que poderá cair nas mãos de grupos particulares prontos para exploração comercial.

Após ser interditado pelo Ministério Público, o parque foi reformado para funcionar como parque-escola, com museu e atividades para as escolas municipais, faltando apenas a contratação de professores e funcionários, o que não foi possível em razão do período eleitoral. Contrariando o projeto anterior, a atual administração devolveu a Cidade da Criança para a Secretaria de Desenvolvimento Econômico e Turismo, deixando o projeto educacional de lado.




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