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Democracia e memória
Ademir Medici
15/03/2017 | 07:00
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 Nada melhor do que a rotatividade no poder para fazer avançar a sociedade. Vejam o caso de São Bernardo, na área da memória. A simplicidade da condução da Secretaria de Cultura, prestes a ser rebaixada a diretoria, está fazendo justiça à história local. Três exemplos:

1 – Uma exposição sobre a história das fábricas de móveis da cidade estava esquecida na reserva técnica. Bastou tirar o pó de peças e fotografias para se reviver a principal economia da cidade em grande parte do século 20.

2 – O Museu Histórico e Pedagógico Antonio Raposo Tavares, dos professores Raimundo Nonato da Cruz, Jorge Rahme e Antonio Perez – o segundo criado no Grande ABC, presentemente desativado. Tantos bens levantados – e tantos perdidos. Mas o que sobrou, o que não é pouco, será novamente mostrado.

3 – Beltran Asêncio, o fotógrafo da cidade. O homem que registrou em imagens a transformação política, social, urbanística, esportiva e de costumes da velha Vila. Será revivido, com suas fotos, sua história, no maio que se aproxima.

Nem seria preciso citar a Praça Lauro Gomes, que antes mesmo da revitalização ficou linda. As pessoas buscam a sombra de sua exuberante vegetação e o descanso nos velhos e históricos bancos de jardim que a mesma sociedade – em tempos idos – deu de presente à cidade. Acreditem: nos últimos 15 anos, pelo menos, era impossível sentar num dos bancos, já que os bancos passaram a ser usados como suporte às barracas dos ambulantes.

As primeiras ações desenvolvidas pela nova Cultura de São Bernardo têm sido a custo praticamente zero – nestes tempos de vacas magras; a exposição das fábricas custou R$ 100, bancados do bolso pelo secretário de Cultura, Adalberto Guazzelli.

 

APAGAR O PASSADO

O novo secretário de Cultura – não adianta mudar o título, para nós o Adalberto Guazzelli ocupa e faz o papel de secretário municipal – fala dos primeiros trabalhos da sua Pasta com simplicidade. E pés no chão.

São Bernardo, ah!, São Bernardo! Lembremos a série Cadernos Históricos, idealizada por Fernando Leça quando secretário do prefeito Tito Costa. Fez um baita sucesso, manteve-se pela administração Aron Galante, para trocar de nome – e fenecer – na primeira gestão do PT.

O que era ‘Caderno’ virou ‘Oficinas’, só porque a ideia vinha de gestões passadas, e antagônicas. Que bobagem! Se os ‘Cadernos’, iniciados em 1981, tivessem sequência, quantos seriam hoje? Já as ‘Oficinas’, o que aconteceu com elas?

Vejam a tragédia do Museu do Trabalho e do Trabalhador. O que esta página Memória sugeriu no início da primeira gestão de Luiz Marinho: que o museu fosse criado e instalado nos baixos das populares do Estádio 1º de Maio, a exemplo do sucesso que faz o Museu do Futebol no Pacaembu.

Bastariam umas fileiras de blocos de concreto. Não haveria custos estratosféricos. Não precisaria pedir dinheiro a Brasília. Operários municipais, por administração direta, fariam as obras. “Não, vamos construir uma catedral ao lado do Paço”, responderam os gestores de plantão do alto da sua sabedoria e visão do mundo. E aquele paquiderme virou mais um número na série de obras paralisadas em São Bernardo. Vergonhoso.

 

SEM BUROCRACIA

Batateiro Guazzelli: é até salutar que faltem recursos ($). Não pode é faltar criatividade, amor à cidade, respeito ao numerário público. Siga neste caminho, (re) descubra a cidade. Nossa gente é boa, tem nas veias, na cabeça e no coração o ideal dos antigos batateiros, marceneiros, das antigas tecelãs que iam à luta sem medo do trabalho.

A história são-bernardense passa pelo simples. Não se deixe contaminar pelo delírio do poder. Chame o nosso povo a participar. Passe por cima da burocracia – e forme colaboradores não burocratas nem tecnocratas. Com isso a cidade voltará a ser feliz.

ET – A exposição das fábricas de móveis está em cartaz na Seção de Pesquisa e Documentação da Alameda Glória, 197, Centro de São Bernardo; o Museu Raposo Tavares será revivido na Chácara Silvestre, que não perdeu o seu verde – graças a Deus e ao movimento SOS Chácara Silvestre; e a exposição em homenagem ao Beltran Asêncio, com certeza, terá um espaço especial, digno – quando a gente souber o local, a gente conta.

 

E o menino Quinto alcança os 70 anos...

O pequeno Quinto estudou na antiga escola da Pirelli, em Santo André. Italianinho de Civitella Del Tronto, de Abruzzo, chegou ao Brasil aos 5 anos, com os pais e dois irmãos mais velhos. Até fixarem-se em Santo André, em 1955, os Di Felice trabalharam na roça, no Interior. Já em Santo André, Quinto torna-se sócio do irmão Maggiorino na fábrica de radiadores Santo Antonio, que hoje leva o nome da família, mais de 60 anos de história.

 

Diário há 30 anos

Domingo, 15 de março de 1987 – ano 29, edição 6391

Manchete – Mais surpresas na equipe de Quércia (Orestes, governador eleito de São Paulo): Timóteo Moya Sanches, ex-vice-prefeito de Santo André, será o secretário de Ação Comunitária; região esquecida por quatro anos no governo Montoro

Editorial – Quércia desagrada ao Grande ABC

Santo André – Reservatório de água de Vila Curuçá está esquecido há anos.

Meio Ambiente – Promessa de despoluição da Billings sucumbe a pressões.

 

Em 15 de março de...

1917 – Ferve a briga jurídica em torno da falência da Cia. São Bernardo Fabril, do Distrito de Santo André. De um lado, o advogado Spencer Vampré responsabilizando criminalmente os administradores da indústria; de outro, o advogado Francisco Mendes defendendo-os. Dr. Mendes garante: o penhor da Ipiranguinha foi feito dentro das normas e o leilão da mesma não ocorreu de afogadilho, já que anunciado nos jornais O Estado de S. Paulo, Correio Paulistano, Jornal do Comércio, Platea e outros.

Nota – A imprensa limitava-se a publicar os artigos dos advogados, em suas seções livres e pagas. A defesa de Francisco Mendes, por exemplo, ocupou uma página do Estadão há exatos 100 anos. E os ataques de Spencer Vampré, igualmente, eram longos. De todos os lados, muitas citações jurídicas, as tais verdadeiras aulas, como já dissemos.

Já a fábrica permanecia fechada no bairro do Ipiranguinha.

1937 – Passa a se chamar Avenida Conde Francisco Matarazzo a antiga Rua São Caetano, no Distrito (hoje município) de São Caetano.

1972 – Fica pronta a unidade da Petroquímica União, em Capuava, no limite de Santo André e Mauá.

 

Hoje

Dia da Escola

Dia Mundial dos Direitos do Consumidor

 

Municípios Brasileiros
Na Bahia, Almadina e Quijingue.

Em Santa Catarina, Bombinhas.

No Rio de Janeiro, Conceição de Macabu.

Em Pernambuco, Gravatá.

No Rio Grande do Sul, Maximiliano de Almeida.

No Maranhão, Miranda do Norte.

No Pará, Monte Alegre.

No Rio Grande do Norte, Mossoró.

No Paraná, Nova Londrina.

Santos do Dia

Luísa de Marillac. Com Vicente de Paulo, fundou a Ordem das Filhas de Caridade, em 1633.

Longuinho

Leocrécia

Clemente Maria Hoffbauer




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