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Para Vaz de Lima, prioridade é Educação
Wilson Marini
Rede APJ
17/05/2010 | 07:00
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Muitos dos problemas ambientais, como o destino irregular do lixo e a proliferação da dengue, somente serão resolvidos com Educação. A opinião é do deputado estadual Vaz de Lima (PSDB), líder do governo na Assembleia Legislativa. Ele defende que o próximo governo invista mais em educação ambiental e conscientização da população. "Avançamos tanto, somos um País de primeiro mundo no sistema bancário, mas continuamos um País de terceiro mundo nestas coisas mais simples", diz ele.

O líder do governo estadual na Assembleia Legislativa tem a missão de exercer dois papéis básicos. Um deles, ser uma espécie de elo para a articulação entre o governador e secretários com as bancadas e deputados de modo a permitir a tramitação mais harmoniosa possível dos projetos de interesse do Executivo. Isso inclui atuação não só junto ao grupo majoritário da situação mas também quando necessário junto à oposição que forma a minoria. O outro, atender solicitações dos parlamentares ou bancadas quando necessitam de apoio e respostas do Executivo. Esse papel é exercido há um ano e meio por Vaz de Lima (PSDB), político experiente, eleito quatro vezes deputado estadual e que presidiu a Assembleia Legislativa no biênio de março de 2007 a março de 2009, depois de ter sido o líder da bancada do PSDB em dois mandatos. É agente fiscal de rendas concursado e formado em Direito, com especialização em Administração Pública,

Nesta entrevista à APJ, como fiel porta-voz do governo estadual, entre outros assuntos, Vaz de Lima defende a política de instalação de presídios no Interior de São Paulo e antecipa qual será o discurso dos tucanos na disputa eleitoral deste ano no Estado.

Como líder de governo, qual a sua articulação mais importante?
A lei anti-fumo é uma delas. Outra foi a lei de mudanças climáticas, que terá grande alcance social. E alguns projetos permitiram que o governo tivesse recursos suficientes para atender projetos à população, nas áreas de saneamento, educação, estradas, etc.

Qual será o seu papel na disputa eleitoral deste ano?
Sou candidato a deputado federal e vou ter que cuidar um pouco da campanha. O Estado é muito grande. Vou continuar fazendo articulação política entre regiões e governo, partidos e governo, segmentos da sociedade e governo. Nesses quase 16 anos que o PSDB governa, São Paulo ganhou muito. Todos os índices apontam melhorias, em qualquer área, segurança, educação, saneamento, estradas. Vou apontar às regiões, municípios e segmentos a importância de se manter São Paulo neste rumo. Quero mostrar o máximo possível que Serra se preparou para este momento... para ser presidente da República. O Brasil precisa de alguém com a capacidade técnica e política e obstinação de Serra para que possa avançar ainda mais.

Qual a análise que o sr. faz do cenário no Estado, na polarização entre o PSDB e o PT?
O PSDB vai para a eleição junto com seus aliados para fazer prestação de contas de quatro mandatos, cada qual com avanços em relação ao outro. Vamos dizer à população o Estado que tínhamos em 1994 e o que temos em 2010. Vamos dizer que Mário Covas teve papel fundamental na recuperação das finanças do Estado, na ousadia de colocar em prática a Lei de Responsabilidade Fiscal sem que ela existisse. Geraldo Alckmin conseguiu avançar. Rodoanel e despoluição do rio Tietê, por exemplo. Na área educacional, gostaria de citar o que está sendo feito nas escolas técnicas. Até o final do ano teremos acréscimo brutal nos indicadores cmo relação a 1994 - 223 escolas técnicas e 52 Fatecs; quase 100 mil vagas nas escolas técnicas e quase 10 mil vagas nas Fatecs. Significa em quatro anos o dobro de escolas técnicas e Fatecs. Por tudo isso, vamos perguntar à população com franqueza: vale a pena mudar? Vale a pena deixar de seguir este caminho? Queremos sem dúvida fazer esse tipo de confronto.

Quais são os desafios a serem enfrentados pelo próximo governador?
O Estado de São Paulo está num patamar de desenvolvimento que não pode retroceder em nenhuma área. Muita coisa foi feita em 16 anos mas há muito o que fazer. A população incorpora os bens e valores que são colocados à sua disposição e começa a analisar o futuro a partir deste patamar. Em São Paulo a população vai continuar cobrando boas estradas, boa assistência médica, melhorias na segurança, na área do transporte público, especialmente nas regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Baixada Santista e outras que possam vir a surgir. Imagino que muito rapidamente nós teremos Região Metropolitana no Vale do Paraíba e na região expandida de Sorocaba. Penso que para o próximo governo teremos que nos debruçar seriamente na implantação destas regiões metropolitanas. A população vai conseguindo compreender essas coisas e vai se perguntar: o que mais nós podemos? Que mais podemos avançar?

Qual a importância e a viabilidade das novas regiões metropolitanas?
Sou um entusiasta disto. Participei da aprovação e estou participando da implantação das regiões metropolitanas de Campinas e da Baixada Santista. Mesma coisa com as regiões conurbadas, com grande crescimento, como o Vale do Paraíba e a região de Sorocaba, Votorantim e entorno, pelo que já representam à economia do Estado de São Paulo, pela população que tem em seu território e pelos problemas que enfrentam que são muitos semelhantes. A secretaria de Planejamento, através da Emplasa, está fazendo os estudos e espero que eles sejam concluídos rapidamente e a gente possa o mais breve possível aprovar as leis e partir para a implantação de ambas as regiões metropolitanas.

Na segurança pública, os indicadores de criminalidade caíram na média, mas em algumas regiões, como o Vale do Paraíba, não. As pessoas não moram no Estado, e sim nas cidades. O que o Estado pode fazer para conter essa tendência de alta em áreas importantes?
Todos os indicadores andam caindo na média do Estado. Há características em cada região. O Estado tem que pensar o conjunto e pensar particularmente cidades e regiões. Evidentemente, regiões como o Vale do Paraíba, que é saída para outro estado, região altamente industrializada, próxima também ao Litoral, os problemas podem aflorar como não afloram em outras regiões. Ao Estado cabe dotar a região tanto na área da polícia ostensiva como na preventiva de condições para diminuir estes índices. Quando se detecta esse tipo de problema, o Estado faz uma operação mais rápida e quero crer que esse tipo de coisa não vai surgir como tendência de crescimento.

O que o Estado pode fazer para impedir que a situação ambiental não se agrave nas serras do Mar e Itapeti, bem como na degradação do meio ambiente no Sistema do Alto Tietê?
É preciso uma atuação não apenas do Estado. Tem que ser um trabalho articulado entre o Estado e os municípios do Alto Tietê, não é uma coisa que se possa fazer apenas com o Estado nem apenas com os municípios. Sobre a invasão dessas áreas o Estado pode e deve contribuir, tomar conta do patrimônio, mas evidentemente é muito mais fácil quem vive e mora lá, atuar mais rapidamente nisso. O que aconteceu com Billings, Guarapiranga? Nós aprovamos as leis para poder regularizar. Falta fiscalização, falta de controle. A única maneira de impedir isso é articulação muito bem feita entre os municípios e os órgãos estaduais no sentido de criar uma política clara para impedir isso e preservar o meio ambiente em todas as áreas. Em relação à despoluição do Tietê, nestes últimos 16 anos tem sido feito um brutal investimento para melhorar essa condição. É preciso associar fiscalização dura do Estado e dos municípios, punições duras e educação. Imagino que o maior de todos os problemas seja a Educação Ambiental. Precisamos investir mais na prevenção. Muito do que eu tenho visto nesta área de saneamento, do lixo, é falta de orientação, de educação. Imagino que o próximo governo pudesse pensar também mais nisto e criar uma política pública ambiental mais avançada na direção da educação do meio ambiente.

A dengue explodiu no País e no Estado de São Paulo mais que a média nacional. No caso paulista, quem falhou mais: o governo federal, o Estado ou os municípios?
Acho que todos falharam. No caso do Estado de São Paulo temos melhorado muito na erradicação de várias doenças, não temos mais sarampo, rubéola e difteria. No caso da meningite, tivemos redução significativa. A questão da dengue, particularmente, depende muito de educar a sociedade e a população. Esse tipo de doença ocorre dentro de casa. Dia desses encontrei no avião um grande empresário que acabara de sair da dengue. Mora num condomínio em Rio Preto. Disse que contraiu a dengue na piscina de sua casa, água parada. A sociedade tem que se conscientizar do seu papel. Olha que estou falando de gente esclarecida, com boa formação, mas que não limpa piscina, deixa os vasos com água, aquela cachoeirinha que cai da piscina, aquilo é um criadouro propício, uma delícia para o mosquito da dengue. Ou se investe violentamente nisso e a população responde, ou continuaremos com a dengue. O governo federal poderia ter agido mais nas campanhas e colocando o seu pessoal na rua, o estadual poderia ter avançado também nas campanhas de prevenção e também colocando mais o seu pessoal na rua e os municípios ainda mais. As escolas podem agir muito. Ou investimos violentamente na Educação e criamos uma legislação que possa punir também abusos de outra natureza, ou vamos continuar nesta área um País de terceiro mundo. Avançamos tanto, somos um país de primeiro mundo no sistema bancário, mas continuamos um país de terceiro mundo nestas coisas mais simples. É preciso investir mais em educação. E as três esferas de governo têm que atuar em conjunto.

Prefeitos se queixam de que a interiorização dos presídios ampliou a criminalidade em suas regiões. O que sr. tem a dizer sobre isso?
Isso é mais preconceito. Não há dado científico que comprove isso. Conversei longamente com especialistas desta área. Nada há que comprove cientificamente a tese. É um pouco mais de temor, muitas vezes incentivada por agentes públicos e políticos especialmente perto de eleição. Temos que tratar desta questão de uma forma mais cidadã. Quem produz o lixo é a sociedade e ninguém quer ter nem aterro sanitário perto de seu município. Quem produz o esgoto? A sociedade. Quando vai falar em construir uma estação de tratamento, todos querem no quintal do vizinho. Não é muito diferente com a questão dos presídios. A sociedade gera o marginal. O Estado tem feito um brutal esforço no sentido de cumprir decisões judiciais e prender em flagrante muita gente. O que aumenta a necessidade de mais presídios. A sociedade quer mais segurança e tem que se conscientizar que para colocar o bandido na cadeia, tem que pagar por esse ônus. O Estado tem cumprido esse papel. Mas a dificuldade que a gente encontra, infelizmente, pela incompreensão do prefeito, às vezes da câmara municipal, querendo aprovar leis impedindo isso. Alguns prefeitos pedem para fazer o presídio só para atender os ‘meus presos'. A ideia é ótima, mas e o custo de construção e manutenção? Aí não daria mais para tratar esgoto e fazer escolas, só faríamos cadeias.




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