Economia Titulo Retrocesso
Desemprego atinge maior taxa desde 2005

No Grande ABC, percentual de 16,3%
equivale a 230 mil pessoas em busca de ocupação

Gabriel Russini
Especial para o Diário
28/01/2017 | 07:19
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Claudinei Plaza/DGABC


O número de desempregados no Grande ABC é desanimador. O ano passado terminou com 230 mil pessoas em busca de ocupação, 55 mil a mais do que em 2015. É como se toda a população de São Caetano e de Ribeirão Pires estivesse desempregada. Não à toa, a taxa de desemprego atingiu 16,3% em 2016, o maior percentual desde 2005. Os dados foram divulgados ontem pela PED (Pesquisa de Emprego e Desemprego), realizada pelo Seade/Dieese.

Ao longo do ano passado, o número de pessoas empregadas diminuiu em 46 mil, e hoje existe 1,178 milhão de ocupados nas sete cidades. Ao todo, a PEA (População Economicamente Ativa) aumentou em 9.000 moradores, o que significa que mais pessoas passaram a buscar por vagas, diante do cenário de dificuldades. O levantamento, que tem como base entrevistas domiciliares e considera todo o tipo de emprego (formal, informal, autônomo e temporário), consultou cerca de 600 residências da região. Cerca de 20% podem trabalhar fora do Grande ABC.

De acordo com a PED, a faixa etária mais afetada pelo desemprego na região é a de jovens entre 16 e 24 anos, ao atingir 33,3%, a maior taxa desde 2003. Na avaliação do economista do Dieese César Andaku, o reflexo é maior nessa idade devido ao fato de se ter menor escolaridade e menos experiência. “Em um mercado de trabalho saturado como é o nosso, as empresas vão sempre atrás dos melhores. Acredito que, pela falta de experiência e, em alguns casos, estudo, o jovem acaba sendo mais prejudicado”, afirma.

Ao fazer análise por área de atividade, Andaku aponta que o setor automobilístico é um dos grandes responsáveis pela crise que inibe a oferta de postos na região, o que acaba refletindo nos outros segmentos. “Trata-se de um efeito em cadeia. Se a indústria de veículos, que dita a economia na região, vai mal, o resto também vai mal.”

O resultado foi o retrocesso do mercado de trabalho regional em 11 anos, que evidencia que o responsável por essa marca foi a indústria, ao demitir 25 mil trabalhadores no ano passado, sendo que 20 mil perderam o emprego no ramo metalmecânico.

O ano terminou com 258 profissionais no segmento (sendo 129 mil no metalmecânico), o que representa 21,9% do total de ocupações da região. Em 2011, para se ter ideia, o segmento respondia por 28%.

O segundo setor que mais efetuou cortes em 2016 foi o de serviços, com 8.000 desligamentos, totalizando 641 mil trabalhadores na ativa. A construção civil veio na sequência, com 7.000 baixas, e passou a empregar 59 mil profissionais. Comércio e reparação de veículos automotores demitiu 2.000, somando 69 mil em atividade.

Ao analisar os subsetores de serviços, os ramos de alojamento e alimentação, artes, cultura, esporte e recreação se destacam por terem criado 11 mil postos no ano passado, e passaram a empregar 145 mil pessoas.

Quanto ao rendimento médio real dos ocupados na região, houve queda de 8%, para R$ 2.133. Em 2015, a média era de R$ 2.318.

Para este ano, Andaku acredita que os saques do FGTS podem impulsionar o comércio e diminuir o endividamento familiar, mas não a longo prazo. “Acho que pode ter um bom efeito, porque as pessoas vão gastar o dinheiro do saque, limpar o nome. Mas é algo paliativo, porque o dinheiro uma hora vai acabar”. A Caixa inicia o cronograma dos saques em 13 de março. 




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