Setecidades Titulo Saúde
Febre amarela: busca pela vacina aumenta

Após mortes em Minas Gerais, procura nos postos do Grande ABC praticamente dobra

Vanessa de Oliveira
do Diário do Grande ABC
20/01/2017 | 07:14
Compartilhar notícia
Denis Maciel/DGABC


O surto de febre amarela que já matou oito pessoas em Minas Gerais fez aumentar significativamente a procura pela vacina contra a doença nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde) do Grande ABC. A imunização é recomendada para quem vai viajar para regiões silvestres, rurais ou de mata dentro das áreas de risco, com dez dias de antecedência.

Em Santo André, a média, que era de 190 vacinações por mês, passou para 120 por dia. A bancária Fernanda Daniele Dias, 30 anos, do Jardim Alvorada, procurou ontem a UBS Centro para se imunizar. “Viajarei para Minas Gerais em fevereiro, a passeio, mas se não fosse viajar, tomaria do mesmo jeito, pois na TV falaram que pode passar para outros Estados.”

Na cidade de Mauá eram aplicadas 250 doses mensais, porém, nos primeiros 15 dias de janeiro o número saltou para 600.

São Bernardo, que tinha média mensal de 116 vacinações, aplicou 330 doses somente neste começo de ano.

Em Diadema, a quantidade de pessoas vacinadas será computada no fim do mês, mas a Secretaria de Saúde acredita ser provável que o aumento gire em torno de 50%.

Ribeirão Pires, onde a média de atendimento costumava ser de 20 doses mensais, registrou, só no dia 13, a aplicação de 60 vacinas. As cidades de São Caetano e Rio Grande da Serra não repassaram as informações pedidas.

“Não há motivo de tomar a vacina para quem não está na região de risco ou não vai viajar para esses locais. Só vai produzir correria desnecessária aos postos”, alerta o infectologista do Lavoisier Medicina Diagnóstica Jessé Reis. A imunização é feita em duas doses, com intervalo de dez anos entre as aplicações.

Atualmente, o Brasil tem registros apenas de febre amarela silvestre, transmitida através da picada de mosquitos Haemagogus e Sabethes, que vivem em matas e vegetações à beira de rios. Quando ele pica um macaco doente, este torna-se capaz de transmitir o vírus a outros macacos e ao homem. Já a febre amarela urbana (transmitida pelo Aedes aegypti), causou os últimos casos em 1942, no Acre.

Especialistas mostram preocupação com a reurbanização da febre amarela e ressaltam a importância de a população das áreas com incidência ser vacinada. “Esses casos estão circunscritos na região rural, mas essas pessoas vão para cidades que, na maioria, têm o Aedes aegypti. Se for picada, pode reiniciar o ciclo urbano da febre amarela”, aponta o biólogo e integrante do CRBio – 01 (Conselho Regional de Biologia – 1ª Região – SP, MT e MS) Horácio Teles.

O desequilíbrio ambiental é visto por ele e pela bióloga e professora da USCS (Universidade Municipal de São Caetano) Marta Ângela Marcondes como fator importante para a intensificação dos casos. “O desmatamento é enorme, traz aumento de temperatura e os insetos vetores vão atrás de calor para se proliferar. Vários estudos mostram o quanto essas doenças estão se aproximando de áreas onde antes não havia registros, por conta do aumento de temperatura”, salienta. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;