Durante o café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada, o presidente foi perguntado sobre uma eventual cassação da chapa reeleita em 2014 e sobre possíveis impactos das investigações da Operação Lava Jato no mandato presidencial. Em relação ao julgamento da ação que analisa se houve abuso de poder econômico na eleição presidencial de 2014, Temer disse que, caso o TSE decida pela cassação, "haverá recursos e mais recursos", também ao Supremo.
Temer negou também que o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, vá deixar o governo. Ontem, a Coluna do Estadão informou que Padilha pediu ao lobista Lúcio Funaro a entrega de dinheiro no escritório do ex-assessor da Presidência José Yunes. Funaro teria entregue a Yunes dinheiro em espécie repassado pela Odebrecht, empresa alvo das investigação da Lava Jato. "Não tirarei o chefe da Casa Civil. Não haverá mudança."
Além de negar mudanças no núcleo duro do governo, o presidente também afirmou que, "no momento", não pensa em realizar uma reforma ministerial no início do próximo ano.
Ao lado dos ministros Henrique Meirelles (Fazenda) e Dyogo de Oliveira (Planejamento), o presidente minimizou a baixa popularidade e comentou a declaração do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso - que comparou o atual governo a uma "pinguela". Temer disse que, quando criança, "nunca caiu de uma". A seguir os principais trechos da entrevista:
TSE/delação/renúncia. "Em havendo uma decisão (a favor da cassação) haverá recursos e mais recursos, não só no TSE, mas no Supremo Tribunal Federal. Mas no dia que o Judiciário tiver uma decisão definitiva, eu serei obediente a ela... Segundo ponto, o fato de delatores terem mencionados nomes, digo com muita frequência que no Brasil se formou a seguinte convicção: se um delator mencionou o nome de alguém, ele [O ACUSADO]está definitivamente condenado... Agora você me pergunta se eu vou renunciar? Eu confesso que não tenho pensado nisso."
Reforma ministerial. "Não tirarei o chefe da Casa Civil. Na verdade, ele continua firme e forte a frente da Casa Civil. Hoje (ontem) verifiquei uma notícia de que ele seria substituído por uma outra figura também exponencial, mas não haverá mudança nenhuma. Sobre esse outro tópico de que haverá mudança ou não (reforma ministerial) isso, naturalmente não sei o que vai acontecer lá para frente, mas não cogito. Não há nenhuma intenção neste momento de fazer qualquer alteração ministerial."
Vazamentos. "Quando mandei a carta para o procurador-geral não me insurgi contra a Lava Jato. Me insurgir contra a história, se tem 78, 80, 90 delações, não pode soltar uma por semana. Digo que isso prejudica realmente, cria um clima de instabilidade. Se for possível, acelere essas delações de modo que elas possam logo ser remitidas ao Supremo Tribunal Federal, ao juízo competente. Se nessas delações pessoas forem citadas, cada uma delas saberá como justificar, como se defender."
Pinguela. "Quando eu era menino, eu sou do interior do Estado de São Paulo, cidade pequena, havia um riacho e eu e alguns colegas brincávamos muito colocando uma pinguela para atravessar exatamente esse riacho... sabe que nunca caí, embora fosse uma pinguela. Quando ouço essa expressão do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso é porque se percebe que há muitas amarguras, paixões. No fundo quando o ex-presidente menciona, ele menciona que é um pinguela, mas precisamos sustentar."
Erros. "Acho que eu tenho muitos erros, muitos acertos, como é natural num governo. Agora, eu quero repetir aqui a frase do presidente Juscelino: eu não tenho compromisso com o erro. Quando eu percebo que erro, eu logo conserto. É interessante quando você erra, as pessoas acham que você não pode recuar. E daí vem ?Temer recua?... não me incomodo."
Popularidade. "Não abro mão da popularidade. Dizem que há impopularidade. Isso me incomoda? Digamos assim, é desagradável. Mas não me incomoda para governar. Para governar, alguém até disse, há poucos dias: ?Olha, a popularidade é uma jaula. Aproveite a impopularidade para fazer aquilo que o Brasil precisa?. E é o que estou fazendo. Lá na frente haverá reconhecimento. A verdade virá."
Desembarque do PSB. "O interessante é que embora haja manifestações de que devem sair, isso nunca chegou a mim. E nas votações do Congresso, ressalvada essa última (da renegociação da dívida dos Estados), o PSB deu um número muito significativo de votos. Ou seja, quando alguns líderes se manifestam não sei se tem repercussões dentro da bancada."
FGTS. "Isso (o saque de contas inativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço) vai permitir que cerca de 10,2 milhões de trabalhadores possam sacar o saldo de suas contas do FGTS. Os trabalhadores alcançados são aqueles que possuem contas no FGTS inativas até 31/12/2015 (...) Há restrições para o saque do saldo dessas contas (...) Nós estamos flexibilizando essa exigência. Porque o momento que nós vivemos na economia demanda a adoção de medidas que permitam, ainda que de forma parcial, uma recomposição da renda do trabalhador (...) Portanto, é uma injeção de recursos que vai mobilizar, movimentar a economia. E equivale, também pelos cálculos do Planejamento, a cerca de 0,5% do PIB." As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.
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