Às vésperas da reunião em que o governador do Distrito Federal, José Roberto Arruda, será expulso do DEM, os advogados de defesa tentam encontrar fórmula jurídica para adiar a decisão. Os advogados argumentam que decisão agora gera efeitos irreversíveis, mesmo sendo passível de recurso.
Confirmada a expulsão, Arruda não poderá disputar as eleições de 2010. "É como condenar alguém à morte por decisão liminar", compara um dos defensores do democrata.
A reunião do partido está marcada para quinta-feira. Na semana passada, a desfiliação de Arruda era dada como certa pelo comando da legenda. Desde então, novas denúncias tornaram praticamente impossível a permanência do governador no DEM.
O patrimônio de Arruda cresceu, em sete anos, 1.060%. Nas declarações apresentadas à Justiça Eleitoral, em 2002 e 2006, a soma dos bens do governador não passava de R$ 600 mil. Agora, o patrimônio real da família Arruda, somente em imóveis, em Brasília, acumulou valor de mais de R$ 7 milhões.
O enriquecimento de Arruda causa tanto estranhamento como a forma como foram adquiridos os imóveis. Em pelo menos dois casos, foram comprados por terceiros e depois transferidos para filhos de Arruda. O hábito de registrar imóveis em nome dos filhos fez com que as declarações de bens apresentadas à Justiça Eleitoral ficassem modestas diante do patrimônio real da família.
Denúncias como essa reforçam a ideia de Arruda de apelar à Justiça para postergar a decisão e, nesse meio tempo, tentar viabilizar sua permanência no governo. Seus advogados se reuniriam ontem para buscar alternativa legal para adiar a desfiliação. Independentemente da decisão judicial, a cúpula do DEM reafirma que a decisão política está tomada: Arruda será expulso, nesta ou na próxima semana.
Enquanto briga para permanecer na legenda, Arruda se prepara para responder aos dois processos de impeachment já em andamento. O governador articula alianças de emergência na Câmara Legislativa para barrar os pedidos. Com mais da metade dos deputados distritais envolvidos no esquema de Mensalão descoberto pela Polícia Federal na Operação Caixa de Pandora, o desenrolar desses processos é incerto.
O vice-governador do DF e presidente do DEM em Brasília, Paulo Octávio, não está, por enquanto, ameaçado de expulsão. Integrantes da legenda afirmam que sua situação é mais confortável que a de Arruda.
Nos vídeos gravados por Durval Barbosa, ex-secretário do governo do DF, Paulo Octávio não aparece recebendo dinheiro, embora seja citado como um dos favorecidos pelo esquema. Arruda, ao contrário, é flagrado recebendo R$ 50 mil.
SEM MUDANÇAS - Com o DEM como aliado preferencial, o PSDB procura limitar ao Distrito Federal o escândalo da existência de suposto esquema de propina e de caixa 2 envolvendo Arruda, sem abalar a aliança nacional. Os tucanos identificam como "gravíssimos" os fatos revelados até agora, consideram insustentável a permanência de Arruda no partido, mas o compromisso eleitoral com o DEM, que se repete desde a eleição de 1994, será mantido.
Ontem, manifestantes que invadiram a Câmara Legislativa na quarta-feira, em protesto contra as denúncias de corrupção, garantiram que não deixariam o local a não ser que Arruda deixasse o cargo. Cerca de 60 pessoas passaram a noite no prédio.
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