Economia Titulo Maus pagadores
Inadimplência encarece
financiamento de carro

Taxa média de juros do crédito para aquisição de veículos
apresentou alta de 2,18% ao mês para 2,34%, segundo Anef

Por Pedro Souza
Do Diário do Grande ABC
15/03/2012 | 07:01
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O reflexo do aumento da inadimplência do consumidor nos financiamentos de veículos começa a dar os primeiros passos. A taxa média de juros dessas operações entre o fim de fevereiro e o começo de março, com base em informações do Banco Central, subiu em relação ao mesmo período de 2011, de 2,18% ao mês para 2,34%. Na prática, com essas médias, um financiamento, em 48 parcelas, de um carro de R$ 30 mil, ficou R$ 1.570 mais caro.

Segundo a Anef (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras), a inadimplência do brasileiro com o financiamento de veículos, em janeiro, foi a maior dos últimos 30 meses. A entidade apontou que, naquele mês, 5,3% dos contratantes desse tipo de operação tinham parcelas atrasadas por mais de 90 dias, que somavam R$ 10 bilhões. No mesmo período de 2011, o grupo representava 2,6% do total de clientes.

O professor de Finanças e coordenador dos cursos de Tecnologia de Gestão da Universidade Municipal de São Caetano, Norival Caruso, disse que a inadimplência é um dos fatores principais para elevação dos juros de uma modalidade de crédito. "Aqueles que pagam direito também pagam pelas pessoas que são más pagadoras", afirmou. "A margem de segurança dos bancos é bem maior do que o custo do crédito", disse, explicando que se o risco aumenta, a margem se eleva e, portanto, os juros sobem.

O professor de finanças da ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing) Adriano Gomes destacou que os juros em 2,34% ao mês parecem baixos, mas elevam demais o preço do veículo. "Mesmo pagando entrada, as taxas de juros não caem, o que cai é o valor da parcela."

Na ponta do lápis, o consumidor interessado por um veículo de R$ 30 mil pagará, em financiamento de 48 vezes sem entrada e juros de 2,34% ao mês, parcelas de R$ 1.046,94. No fim da operação, o comprador terá pago R$ 20.253 a mais do que o valor do carro.

Se tivesse aplicado, mensalmente, o valor da parcela dessa simulação (R$ 1.046,94) na caderneta de poupança, o investidor reduziria quase pela metade o tempo de gasto. Com taxa média de retorno de 0,5% ao mês, a modalidade de investimento garantiria R$ 30 mil em 27 meses, ou seja, dois anos e três meses, em vez de quatro anos.

Gomes orientou que o consumidor calcule muito bem os seus gastos para não entrar em uma via explosiva. "Se você somar a parcela de um financiamento com o custo para manter um carro, como IPVA (Imposto sobre Propriedade de Veículos Automotores) e combustível, e ainda pegar outro empréstimo para financiar as demais dívidas de consumo (como cartão de crédito), a situação fica bem perigosa."

ENTRADA - Opção mais barata para parcelar o pagamento de um veículo novo é dar o carro usado como entrada, contanto que ele garanta liquidação entre 50% e 60% do preço total, pontuou o professor de Gestão de Concessionárias Valdner Papa, que ministra aulas na ESPM e na Fundação Dom Cabral. Dessa maneira, o consumidor consegue parcelar o restante da dívida em até 24 vezes sem juros. "Os preços à vista já têm juros embutidos das montadoras", disse. Segundo ele, essa é uma das explicações para que o consumidor tenha desconto ao pagar à vista um carro.




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