Grupo de transição, liderado por Petrin, cita dívida de R$ 40 mi com FUABC; governo pondera crise
A equipe de transição do prefeito eleito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), estima que o atual governo Carlos Grana (PT) fechará o mandato com acúmulo de R$ 300 milhões de deficit financeiro, de acordo com dados em tramitação repassados pelo Paço. Com problemas de fluxo de caixa, há débitos pendentes com fornecedores, segundo o grupo liderado por Leandro Petrin, que giram em torno de seis meses. O maior passivo está atrelado à Saúde, sendo o principal credor a FUABC (Fundação do ABC), entidade que gerencia diversos serviços e contratos no setor. A dívida apenas com a instituição é de R$ 40 milhões.
As despesas em atraso no pagamento com remédios atingem o patamar aproximado de R$ 3,3 milhões. A laboratórios, R$ 3,4 milhões. Exames de imagem (raio X, por exemplo), R$ 4 milhões. “A Saúde está um caos. Projeção é de terra arrasada, faltando medicamentos e insumos, como seringa e até algodão. Com débitos milionários a fornecedores. Médicos sem receber salário (atraso no repasse à Fundação). O PA (Pronto Atendimento) Bangu fechado, desmoronando. Essa situação em área onde a cidade mais precisa. Reflexo do fim deste governo, que se encerra de forma melancólica”, criticou Petrin.
O buraco nas contas da Craisa (Companhia Regional de Abastecimento Integrado de Santo André) aponta para R$ 37 milhões, conforme o levantamento. “Esse número nos espantou. O município já repassou R$ 14 milhões (à autarquia) e ainda existe toda essa dívida”, citou o advogado, que encabeça a transição. Petrin indicou que outro débito significativo engloba a lista de aluguéis do Paço. “São seis meses sem pagamento em um universo que se gasta aproximadamente R$ 6,5 milhões ao ano.”
Grana entrou no Paço em 2013, herdando dívida de R$ 130 milhões. À época, o petista condenou passivo deixado por Aidan Ravin (PSB). Secretário de Planejamento e de Finanças, Alberto Alves de Souza (PT) ponderou que a transição não terminou, evitando falar em números. “Não fechamos o balanço. Estamos sendo transparentes, republicanos. Apresentamos quadro desde 2008 até agora. Se comparar de 2013 a 2016, mesmo com correção, há queda de R$ 100 milhões em receita, principalmente de ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços). Existe crise econômica no País, que afetou Estados (Rio de Janeiro, Minas Gerais e Rio Grande do Sul estão em calamidade).”
Alberto defendeu que o governo executou plano de redução de custeio da máquina, “cortou cargos comissionados” (atualmente 484) e “despendeu R$ 288 milhões em precatórios”, além de deixar encaminhado programa de modernização de arrecadação tributária.
Tucano deve indicar novidade na Saúde
Guardando a sete chaves o anúncio do primeiro escalão, o prefeito eleito Paulo Serra (PSDB) tende a indicar novidade no comando da Pasta de Saúde. Antes do término da eleição, o nome mais cotado era de Geraldo Reple Sobrinho, ex-superintendente do Hospital Mário Covas, mas a possibilidade foi descartada após a vacância do cargo de secretário adjunto da Pasta no Estado. O posto é ocupado hoje por Wilson Pollara, já confirmado como futuro titular do setor do governo João Doria, na Capital, o que deve abrir espaço para Reple ser número dois de David Uip.
Diretor do Mário Covas, Vanderley de Paula é outro técnico que chegou a ser aventado na chefia da Saúde, contudo tende a integrar a equipe da secretaria. O quadro provável para liderar a Pasta é o da médica Ana Paula Pena Dias, desconhecida do meio político, porém com confiança de Paulo. O perfil é considerado ideal pelo tucano. Com mestrado em Saúde Pública, ela é coordenadora de Neurologia do complexo hospitalar de São Bernardo, formado pelo PS (Pronto-Socorro) Central, Hospital de Clínicas, HMU (Hospital Municipal Universitário) e Hospital Anchieta.
A expectativa é que Paulo Serra oficialize os primeiros nomes amanhã, em anúncio que mesclará políticos e técnicos. Apesar disso, não se sabe quem fará parte desta lista inicial – outra remessa será no dia 20. Existem alguns aliados dados como certos e outros especulados. No rol estão Leandro Petrin (Governo), Miguel Heredia (Administração), Dinah Zekcer (PTB, na Educação, podendo resgatar Cleide Bochixio para adjunta), Ailton Lima (SD, Desenvolvimento Econômico), Donizeti Pereira (PV, Meio Ambiente, ainda não existe) e Edson Sardano (PTB, Segurança).
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