Economia Titulo Cenário
Inflação atinge menor patamar em 18 anos

Recessão segura demanda e, em novembro, preços
aceleram 0,18%; em 12 meses, taxa é de 6,99%

Por Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
10/12/2016 | 07:21
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Marcos Santos/ USP Imagens


A recessão e o consumo reprimido fizeram com que os preços dos produtos diminuíssem e, com isso, a inflação oficial do País atingisse, em novembro, o menor patamar para esse mês em 18 anos. No mês passado, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) acelerou 0,18%, e só não superou o resultado de novembro de 1998, quando registrou queda de 0,12%. Nesse mês em 2015, para se ter ideia, a taxa era de 1,01%.

Os dados foram divulgados ontem pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Em outubro, ao variar 0,26%, a inflação já tinha atingido o menor resultado para o mês desde 2000.

Nos 12 meses encerrados em novembro, o IPCA acumulou 6,99%. Em igual período do ano passado, a inflação estava em 10,48%, e havia voltado aos dois dígitos após 12 anos.

De acordo com Eulina Nunes, coordenadora de índices de preços ao consumidor do IBGE, esta foi uma desaceleração bastante significativa, principalmente na taxa dos alimentos, se considerada a alimentação fora do domicílio. “Com a demanda mais reprimida, alguns itens se mostraram bem mais baixos quando comparados a outubro. Destaque para as carnes, que em pleno período de entressafra mostraram variação não condizente com a época (0,22% ante 2,64%), dado que a demanda tem sido desaquecida”, analisa.

No mês passado, os preços dos alimentos ampliaram a deflação iniciada em outubro, passando de -0,05% para -0,20%. As maiores quedas foram vistas nos custos do feijão-carioca (-17,52%), do tomate (-15,15%) e da batata inglesa (-8,28%). Quanto à alimentação fora de casa, houve alta de 0,33%, percentual que desacelerou, pois em outubro estava em 0,75%.

Eulina destaca que, quando o ano começou, em janeiro, a inflação acumulada em 12 meses girava em torno de 11%, sob influência justamente dos altos valores cobrados pelos alimentos e bebidas, responsáveis por 25% das despesas das famílias. “Problemas climáticos ocorridos nas lavouras, provocados pelo El Niño, fizeram com que a safra deste ano ficasse 12,3% inferior à previsão de 2015. Os preços dos alimentos subiram muito no fim de 2015 e permaneceram altos em 2016. No segundo semestre, quando a situação foi se harmonizando, já que a oferta de produtos agrícolas aumentou, com o clima mais ameno, e a demanda bem mais desaquecida, as taxas foram se reduzindo e chegamos no penúltimo mês do ano com 6,99%.”

A perspectiva do mercado, de acordo com o Boletim Focus, é que o IPCA encerre o ano em 6,69%, um pouco acima do teto da inflação, de 6,5%. Em 2015, a taxa ficou em 10,67%. 




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