Pinturas figurativas que beiram o hiper-realismo norteiam o trabalho do artista plástico Renato Brancatelli, 54 anos, de São Caetano, que abre amanhã a exposição Rever, instalada no Espaço Cultural Gambalaia, em Santo André.
No total, a mostra agrega dez obras acrílicas feitas em diferentes períodos. "Selecionei trabalhos que ainda não foram devidamente expostos na região e em São Paulo", diz Brancatelli, justificando o título da exposição. O autor é licenciado em Artes Plásticas e especialista em História da Arte pela Faap (Fundação Armando Alvares Penteado).
Da série Empacotados, iniciada em 2008 e ainda em construção, há duas telas de pinceladas contemporâneas. "O quadro ilude o observador a pensar em um embrulhado com papel kraft, mas na verdade é tinta", explica.
As pinturas são acompanhadas de títulos como subsídios para estimular a imaginação de quais imagens existem por trás das embalagens. Exemplo: Empacotados - Paisagem do Bairro da Luz com o Prédio da Pinacoteca do Estado em 1º Plano. "Se o observador conhece São Paulo, terá alguma imagem em mente. Não importa de que ângulo seja", aponta.
Outra, Empacotados - Autorretrato de Turbante e Óculos Escuros, estimula o público a imaginar o artista com a combinação nada usual de acessórios no Brasil.
Já a série começada em 2003 Cartas de Baralho faz repaginação do objeto original. Figuras oficiais cedem lugar a quatro personalidades do mundo pop: Elvis Presley (Rei do Rock), Pelé (Rei do Futebol), Marilyn Monroe (ícone do gênero) e Carmem Miranda, eleita pelo artista como a rainha pop brasileira.
Este tema é trabalhado, mesmo que experimentalmente, desde criança. "Quando garoto, cheguei a fazer desenhos sempre modificando o miolo e colocando outras historinhas", revela.
A série Comprimidos, de 2003, representa medicamentos modernos voltados a diferentes perfis. "Nervosos precisam de Lexotan; deprimidos, de Prosac. Tem ainda o comprimido mágico do erotismo, o Viagra", diz.
Criado especialmente para mostra na Alemanha, o painel articulado Tempus Fugit foi feito em 2005 a partir de pintura acrílica e a xerografia de um coqueiral, imagem pública extraída de calendário.
"Em tradução, a grosso modo, a expressão em latim do título significa o tempo voa, escoa, o tempo foge, passa", explica. Diante da velocidade do tempo moderno, a proposta da exposição alemã era abordar temas referentes à desaceleração da vida.
Na pintura noturna de Brancatelli, um coqueiral é visto sob a ótica de quem está deitado na areia de alguma praia brasileira a olhar o movimento das estrelas. "Não há ponto de fuga. Os coqueiros estão por todos os lados", conta.
As influências para essa diversidade no processo criativos são várias, a ponto de passar uma tarde inteira a comentar. "É difícil eleger um mestre. Também reservo o direito de não apreciar o que a opinião pública em geral gosta", aponta.
Rever - Exposição de Renato Brancatelli com curadoria de Damara Bianconi. Abre amanhã, às 20h. No Espaço Cultural Gambalaia - Rua das Monções, 1.018, Santo André. Tel.: 4316-1726. Visitação: de segunda à sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h; sábados e domingos, das 20h às 23h. Grátis. Até 17 de setembro.
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