Cecília e Rafa já namoram há um tempinho, mas a garota ainda não se sentiu à vontade para perder a virgindade. Ele pressiona, faz charme, e a menina acaba cedendo. No outro dia, todo mundo da faculdade comenta sobre o vídeo que anda circulando pela internet: a primeira noite do casal. Trata-se de um plano de Vinícius para separar os dois, já que o garoto está apaixonado pela menina. Ele consegue fazer com que Cecília desconfie do namorado e termine tudo.
Embora sejam cenas da novela Insensato Coração, da Globo, situações como esta vêm se tornando frequentes na vida real. A intimidade das pessoas está cada vez mais exposta na rede, e todo cuidado é pouco. Foi por isso que o autor Ricardo Linhares achou importante abordar o tema.
Para a vítima, as consequências da superexposição, principalmente erótica, pode ser fatal. Em 2008, a líder de torcida norte-americana Jessica Logan, na época com 18 anos, se enforcou após o namorado divulgar fotos da menina nua, quando o relacionamento acabou. As imagens percorreram sete colégios e Jessica não aguentou o bullying e a pressão psicológica dos colegas.
"Tudo o que cai na internet é eternizado. Ainda não se criou uma forma de eliminar as informações", explica Coriolano Camargo, coordenador do curso de Direito Eletrônico e Inteligência Cibernética, da Fadisp (Faculdade Especializada em Direito), que cita o caso da modelo Daniela Cicarelli. Mesmo após a Justiça autorizar a retirada do vídeo em que aparece com o namorado, ainda é possível encontrá-lo na internet.
Segundo o especialista, apesar de ser bem complicado eliminar dados na rede, a Justiça já consegue punir quem pratica crimes eletrônicos. "A pessoa que foi filmada ou teve fotos divulgadas pode processar quem espalhou as imagens. Esta responde criminalmente podendo pagar multa que varia de cinco a 100 salários mínimos, prestar serviço à comunidade e até ser presa."
Para que isso ocorra, é preciso tornar as provas oficiais. "Tem como registrar as imagens no cartório, por meio da chamada ata notarial." Há delegacias especializadas em apurar esse tipo de crime. Uma delas fica em São Paulo e recebe denúncias. Anote o telefone: 2221-7030.
Sexting é armadilha - E quando a vítima facilita a exposição na internet? Ela pratica o chamado sexting, união das palavras em inglês sex (sexo) e texting (envio de mensagens de texto). Trata-se do envio de textos, fotos e imagens de nus, seminus e práticas de atos sexuais enviados pelo celular, e-mail, webcam, geralmente, para paqueras, ficantes, namorados (as) e maridos (esposas). Pesquisa realizada pela ONG Safernet com 2.159 crianças e adolescentes, entre 5 e 18 anos, revelou que 11% já praticaram sexting. "Quem se fotografa nu está tentando promover sua popularidade", afirma a psicóloga norte-americana Susan Lipkins, que conduziu estudo com 300 jovens para entender o sexting. A especialista comprovou que crianças de 9 anos já estão mandando mensagens sensuais.
A ONG Safernet cuida de assuntos relacionados a direitos e deveres da rede. Saiba mais no site www.safernet.org.br.
Cuide-se, por você - É natural descobrir a sexualidade, mas tome cuidado para que algo tão íntimo não vire ‘meme' na internet. Isso vale para tudo, inclusive vídeos de briga na porta da escola. Confira dicas e preserve-se:
- Não se deixe levar por pressões de namorados (as) e amigos (as) para fazer o que você não quer.
- Não confie nos outros. Nunca se sabe quem é vingativo.
- Nunca divulgue informações pessoais nas redes sociais nem para amigos virtuais.
- Evite tirar fotos e fazer filmagens que exponham partes do corpo e identifiquem locais, como uniforme de escola. Mesmo que não divulgue, podem cair na rede.
- Não exponha imagens de ninguém sem pedir autorização antes.
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