Polêmicas, experimentações estéticas e maneiras de fazer cinema que desafiam o óbvio do mercado cinematográfico. Tudo isso permeia a carreira do dinamarquês Lars von Trier, que poderá ser conferida na Cinemateca Brasileira (Largo Senador Raul Cardoso, 207, São Paulo. Tel.: 3512-6111) com a Retrospectiva Lars Von Trier, que abre amanhã e vai até o dia 20.
Além de exibições em 35mm de todos os filmes de Trier que já foram lançados no Brasil, como Dançando no Escuro e Anticristo, o projeto traz obras que nunca ou raramente foram vistas nas salas de cinema daqui. Ao todo, são 19 produções em cartaz. A programação completa pode ser acessada no site (www.cinemateca.gov.br).
Trier, filho de comunistas e nudistas, aos 11 anos ganhou uma filmadora Super-8, e desde então descobriu que sua vocação era o cinema. Ele se formou em 1983 e seus primeiros sucessos vieram na década de 1990, com Os Idiotas e Ondas do Destino. Ele é um dos fundadores do manifesto Dogma 95, que inovou a linguagem cinematográfica com a proposta de despir as filmagens de artifícios como tripé, iluminação artificial e trilha sonora incidental. Filmes seus como Dogville e Manderlay, feitos sem cenografia, são aulas de cinema para muitos estudantes da arte.
De suas obras mais importantes, apenas ficam de fora o seu curta Nocturne, o filme de graduação Befrielsesbilleder (Images of Relief) e o projeto Medea, versão da obra de Eurípedes para a TV dinamarquesa. Na seleção, ainda, há três documentários: Tranceformer, no qual Trier é analisado; The Humiliated, espécie de making of de Os Idiotas; e The Purified, que analisa o Dogma 95.
Entre os curtas, está o do projeto Cada um Com Seu Cinema, que celebrou os 60 anos do Festival de Cannes, e o Dimension 1991-1997, obra que demoraria 33 anos para ser feita, que consistia em gravar com atores recorrentes em sua obra três minutos de cenas não-roteirizadas a cada ano. Também serão veiculadas as duas temporadas da minissérie O Reino.
Completa a programação palestra com o professor da Universidade de Copenhague, Peter Schepelern, especialista no movimento Dogma 95 e em Lars von Trier. A palestra será ministrada na quarta, às 11h, no Laboratório de Investigação e Crítica Audiovisual, do Departamento de Cinema, Rádio e Televisão, da Escola de Comunicações e Artes, da Universidade de São Paulo. No encontro, o teórico fará análise do início da carreira do diretor e apresentará trechos de seus primeiros curtas e filmes universitários.
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