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Metade da demanda de carros de 2009 foi feminina
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08/03/2010 | 07:03
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Elas compraram quase a metade dos 3 milhões de automóveis vendidos no País no ano passado, movimento que acompanha as mudanças sociais ocorridas nos últimos anos, com mais mulheres chefes de família, em cargos profissionais importantes e poder aquisitivo mais elevado.

Em uma década, a participação do público feminino nas compras diretas de carros saltou de 25% para 42%, segundo cálculo das montadoras. Além disso, elas influenciam em metade das aquisições feitas pelos homens.

Com tanto poder de fogo, as mulheres recebem atenção especial das fabricantes. Na última década, foram desenvolvidos vários itens dirigidos a esse público, como tecidos de bancos que não desfiam roupas, maçanetas que protegem as unhas e porta-objetos.

Pesquisa feita ao longo dos últimos três anos, que acaba de ser concluída pela Renault do Brasil, mostra que a preferência das mulheres está cada vez mais próxima da dos homens no que se refere ao automóvel. "Apesar de algumas necessidades específicas, os critérios de compra estão muito próximos aos do homem", afirma a diretora de produto da empresa, Maristela Castanho. Foram ouvidas cerca de 7 mil pessoas em vários Estados.

Nos critérios de compra, 43% das mulheres apontam o preço como o mais importante, resposta escolhida por 38% dos homens. Conforto vem na sequência para 32% do público feminino e 28% do masculino. Consumo e estilo externo estão quase empatados, com cerca de 28% e 27% das preferências, respectivamente. Já o espaço interno é mais valorizado pelas mulheres, enquanto valor de revenda e robustez têm mais pontos entre os homens.

Maristela ressalta que ainda há limites na relação mulher/automóvel, principalmente em questões técnicas, como a potência do motor. "Elas continuam sendo mais racionais e pragmáticas na relação com o automóvel, mas estão adquirindo experiência. Para o homem, existe até uma questão de afeto, pois desde menino ele brinca com carrinhos e depois de adulto segue apegado ao produto."

Ter o domínio do carro é um sentimento que a maioria dos homens respondeu que gosta, enquanto, entre as mulheres, a adesão foi de menos da metade. A situação se inverte quando a questão é se o veículo deve ser tão confortável como a casa. "As mulheres veem o carro como extensão da casa ou como suas bolsas: levam tudo que precisam", comenta o gerente de marketing e comunicação da Volkswagen, Herlander Zola.

Maristela informa que a pesquisa será repetida daqui a dois anos, para ter base comparativa. Mas ressalta que os resultados atuais vão balizar o desenvolvimento dos próximos carros da marca, previstos para chegarem ao mercado daqui a três ou quatro anos.

Gostos semelhantes facilitam desenvolvimento de veículos

Com a convergência cada vez maior de gostos entre os sexos, a tarefa de desenvolver os veículos tende a ser menos complicada, afirmam as montadoras. O diretor de produtos da Fiat, Carlos Eugênio Dutra, lembra que muitos dos itens valorizados por mulheres atraem também os homens, apesar de eles focarem mais a potência e o desempenho do veículo e a mulher, a funcionalidade e segurança. O preferido da marca é a perua Palio Adventure, com 47% da venda para mulheres.

Segundo o gerente de planejamento de marketing da Volkswagen, Fabrício Biondo, foi por meio de pesquisas que a empresa constatou o desejo das clientes de itens como porta-trecos e posição mais elevada para dirigir. O Fox, lançado em 2003, incorporou vários deles e é o preferido da marca entre as mulheres, com 52% das vendas.

A próxima exigência, que já começa a aparecer em modelos de luxo, é o sistema que detecta se o carro cabe na vaga disponível e faz automaticamente a manobra de estacionamento. "No futuro, vamos estender a tecnologia para diversos modelos", diz Biondo. O park assist, como é chamado, está disponível no Tiguan, utilitário esportivo importado da Alemanha.

A diretora da General Motors Isela Costantini conta que o Agile, lançado em 2009, foi desenvolvido para todos os públicos, mas vários detalhes são resultantes de pesquisas com mulheres, como a posição ao dirigir, mais elevada do que um compacto normal.

GRAXA - Ao mesmo tempo em que impõe suas vontades ao mercado, a maioria das mulheres continua delegando aos homens atividades que exigem esforço físico e mão na graxa. "Não sei trocar pneu e não quero aprender; isso já seria demais", declara a advogada Glória Pinto, de 40 anos. Na hora da aquisição, ela leva em conta conforto, segurança e valor de revenda.

Mesmo sem por diretamente a mão na massa, as mulheres querem ter noções do funcionamento do veículo. Atendendo à demanda de clientes, a Citroën vai assumiu ação restrita a poucas revendas da marca: "Temos um projeto para oferecer cursos de mecânica básica para mulheres", informa a diretora de marketing Nivea Morato. "No mínimo, elas não querem ser enganadas ao deixar o carro na oficina.




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