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Mauá e Diadema duelam pelo título de cidade dos plásticos
Por Marcelo Mazuras
Da Redaçao
05/08/2000 | 15:53
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Mauá, conhecida como a capital da porcelana nos anos 50 (é a sede da Porcelanas Schmidt), quer se tornar a capital do tupperware no próximo século. A cidade centrou seu foco na indústria transformadora de plásticos como prioridade de sua política de atraçao de investimentos. "Trata-se de complementar a cadeia produtiva, já que temos a matéria-prima no Pólo Petroquímico de Capuava e oferecemos as melhores condiçoes de instalaçao em pólos e condomínios industriais", resume o secretário de Desenvolvimento Econômico e Social de Mauá, Paulo Eugênio Pereira Júnior. No caminho de Mauá, contudo, está uma cidade da regiao, Diadema, que há muito tempo despertou para a corrida do plástico e agora quer se tornar centro de excelência do setor.

"Eles (Mauá) podem querer se tornar a capital do plástico, mas chegaram um pouco atrasados", disparou o secretário de Desenvolvimento Econômico e Turismo de Diadema, Davi Schimitd. Diadema hoje tem 350 indústrias transformadoras de plástico em seu território, número que corresponde a quase 30% do total de 1,4 mil indústrias da cidade. É a terceira maior concentraçao do setor plástico no Estado, ficando atrás da capital e do município de Guarulhos. Diversas açoes, envolvendo poder público e iniciativa privada, já estao em andamento (leia reportagem na página 3) para aumentar o poder de fogo de Diadema. "Quem ficar em Mauá estará um pouco mais perto da matéria-prima e um pouco mais longe de grandes empresas, como as montadoras", alfinetou Schimitd.

Mauá, por enquanto, conta com 50 empresas do segmento, mas espera ver este número disparar com a expansao do Pólo Petroquímico de Capuava. Segundo a Prefeitura, metade das indústrias que consultam a cidade para viabilizar instalaçoes já é do segmento. Além da proximidade com a matéria-prima, Mauá dispoe de 7 mil m² de terrenos, nos pólos industriais de Sertaozinho e Capuava.

"Nenhuma cidade com a nossa logística tem esse potencial na regiao metropolitana de Sao Paulo", avaliou Pereira. "O custo do terreno, a chegada do Rodoanel e a facilidade de matéria-prima nos trouxeram para Mauá", disse Nilson Grisante, gerente de Logística da empresa argentina Sun Garden, instalada em Sertaozinho há cerca de um ano. A empresa, hoje com 25 funcionários, produz móveis plásticos.

Diadema nao teme os terrenos de Mauá. A cidade tem cerca de 300 galpoes industriais livres. Um deles, inclusive, foi escolhido pela indústria de plásticos portuguesa Geco, que investiu R$ 1 milhao na cidade no início deste ano. "Com tantas empresas do setor em Diadema, a capacidade de integraçao e sinergia é muito maior que a oferecida por Mauá", acredita Schimitd.

Por sua vez, a expressao "cidade do plástico" foi assimilada pelos investidores de Mauá. Em Sertaozinho, o condomínio industrial Plastic City (cidade do plástico, em inglês) já está preparado para reunir empresas do setor. "Nao podemos dar tiros para todos os lados, por isso estamos centrando nossa atençao nas indústrias deste setor", afirmou Pereira.

A briga pelas transformadoras de plástico pode ser entendida pelas demandas imediatas da regiao: 1) elas geram empregos (a eventual duplicaçao do pólo petroquímico, por exemplo, nao vai gerar nenhuma vaga extra); 2) essas indústrias sao de pequeno e médio portes, dispensando instalaçoes horizontais de grande porte; e 3) a regiao tem perfil competitivo por oferecer espaços físicos, disponibilidade de matéria-prima, além de acesso fácil ao maior mercado consumidor do país.

Petroquímica - O diferencial competitivo pode estar na ampliaçao do pólo petroquímico de Capuava, entre Santo André e Mauá. O setor de plásticos, que cresce à média de 11% ao ano no país, vem demandando maior quantidade de matéria-prima. O pólo da regiao só consegue responder por 30% do mercado de Sao Paulo. Camaçari, na Bahia, e Triunfo, no Rio Grande do Sul, comandam o abastecimento. A Petroquímica Uniao (PqU), uma das principais empresas do pólo, está negociando com a Petrobrás o aumento de sua produçao de eteno (matéria-prima do plástico), que deve saltar de 500 mil toneladas anuais para 630 mil. Outro projeto, mais ambicioso, espera duplicar a capacidade do pólo. Nesse caso, os investimentos seriam de US$ 400 milhoes e colocariam o pólo em condiçoes de igualdade com os competidores do Nordeste e do Sul.




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