Cultura & Lazer Titulo
Escritor italiano fala do fascínio das previsões
Alessandro Soares
Do Diário do Grande ABC
27/10/2002 | 18:31
Compartilhar notícia


A história não pode fazer previsões, mas pode contar a história das profecias. O jornalista italiano especialista em era medieval Franco Cuomo publica As Grandes Profecias (Bom Texto, 432 págs, R$ 38 em média), livro no qual conta como a curiosidade humana sobre o que viria depois é antiga. Bem antiga, diga-se, remontando às sibilas romanas, que faziam previsões apocalípticas em seus templos sobre milênios porvir, chegando às aparições de Nossa Senhora em Medjugorje, Iugoslávia, nos anos 80 e 90 do século XX.

“Quase nunca pensamos no presente e, quando o fazemos, não é mais do que para nos dar indicações sobre como dispor do nosso futuro”, disse o filósofo Pascal. Em uma era de incertezas – mercados especulativos, escassez de água, ameaça de guerra, entre outras mazelas contemporâneas – não faltam arautos para analisar as incógnitas do futuro e relacioná-las a previsões apocalípticas.

No passado não foi diferente e algumas profecias e seus profetas tornaram-se populares, como Nostradamus ou os três segredos de Fátima. Se não é possível prever o futuro, dar uma olhada na história das previsões pode ser divertido e curioso.

Como escreveu Rita de Cássia, Santa das Causas Impossíveis, publicado no Brasil pela Edições Paulinas. Ainda não chegaram por aqui suas peças de teatro, como Una Notte di Casanova, e outras obras de interesse histórico e lendário. As Grandes Profecias está inserida neste segundo quesito.

Cuomo relata com farta bibliografia quem eram as pessoas que encararam a missão de receber imagens do futuro provindas do Divino, dos deuses, de santos e até do diabo. O livro abrange profecias de fim de mundo, de fim da Igreja Católica, do Anticristo, das guerras mundiais, e por outro lado, o que a humanidade deveria fazer para evitar catástrofes ou o sofrimento vindouro.

Nostradamus e suas Centúrias estão no livro. Nelas aparece o nome de Hitler, a queda do Muro de Berlim e a tragédia de Nova York. Mas tudo interpretado a partir do hermético texto do profeta, médico e astrólogo francês. Também estão lá o Apocalipse de São João e as mensagens da Virgem Maria (em Fátima, Lourdes, Medjugorje etc., todas catastróficas, mas otimistas quanto ao destino final se a humanidade orar).

Cuomo mostra as previsões sobre quem seriam os papas vindouros do monge irlandês Malachias, que viveu no século XII. Segundo ele, depois de João Paulo 2º haveria apenas mais dois. O autor também nomeia charlatões e loucos interesseiros (como Rasputin, na Rússia czarista).

Uma curiosidade aqui e outra ali, mas nada que a imprensa e os analistas já não tenham registrado. A narrativa não é alarmista, nem tampouco rigorosa na metodologia histórica. Cuomo evita se aprofundar, optando pela descrição superficial, sem transcrever as profecias relatadas, apenas resumindo trechos em alguns casos. Seu mérito é reunir todas em uma só obra. No máximo, uma boa referência para interessados.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;