O Mundial de Fórmula 1 que começa neste fim de semana no Bahrein encerra uma era e abre algumas outras. Salvo uma enorme surpresa, os "anos Schumacher" chegam ao fim, com a esperada aposentadoria do piloto alemão que dominou a categoria desde meados dos anos 90 do século passado.
Michael, 37 anos completados em janeiro, já começou a passar o bastão na última temporada, tendo de se curvar ao talento de um garoto 13 anos mais jovem, Fernando Alonso. Tudo indica que 2006 será parecido. E Schumacher já avisou que na metade do Mundial, dependendo do prazer que sua Ferrari estiver lhe proporcionando, pega seu boné e vai cuidar dos cãezinhos na Suíça.
Junto com Alonso ascende o provável sucessor do heptacampeão, o finlandês Kimi Raikkonen, praticamente certo na Ferrari a partir de 2007. É outro candidato ao título que aparece à frente de Schumacher na lista dos favoritos deste ano. Os dois devem dominar a cena no futuro próximo. Ao lado deles, alguns outros meninos começam a despontar, como Felipe Massa e Nico Rosberg.
Mas não é só debaixo dos capacetes que a troca de guarda de manifesta. 2006 é ano de regras novas, o primeiro passo da FIA na direção de reduzir drasticamente os custos da F-1 para atrair novos times e investidores. Esse momento de transição já pode ser detectado com uma breve olhada na listas de inscritos.
Quatro equipes que disputaram o campeonato em 2005 já não existem mais. A BAR foi comprada integralmente pela Honda, que extinguiu o antigo nome e encerrou a trajetória do time criado em 1999 para ser o parque de diversões particular de Jacques Villeneuve. A BMW largou a Williams e arrematou a Sauber, mantendo o sobrenome de seu fundador sem nenhuma razão aparente.
A Jordan, que já havia sido vendida no final de 2004 a um investidor russo, agora se chama Midland F1. A Minardi foi passada para as mãos da Red Bull, que a partir dela montou seu "time B", a Toro Rosso. E do nada surgiu uma nova equipe, a Super Aguri, bancada pela Honda para abrigar Takuma Sato. A F-1 volta, depois de quase quatro anos, a ter 22 carros no grid.
O regulamento tem como principais novidades a adoção dos motores V8 de 2,4 litros no lugar dos V10 de 3.000 cc, a volta dos pit stops para troca de pneus durante as corridas e o formato dos treinos de classificação, que parecerão confusos no início, com a disputa da pole por dez carros no final da sessão única.
A tudo o público vai acabar se acostumando. Assim como o torcedor brasileiro também vai se acostumar a ver Rubens Barrichello agora de branco na fase final de sua carreira, que pode ser melhor do que todas as que viveu até hoje, e outro nativo destas bandas no seu lugar, Massa, que tem uma única bala na agulha, um contrato de um ano com a Ferrari, para provar que merece correr num time grande.
São ingredientes que fazem prever uma temporada interessante. A ela, pois.
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