vereador Laércio Soares (PCdoB), com o apoio de nove parlamentares, quebrou o "reinado" de dez anos do PT na presidência da Câmara de Diadema, ao derrotar o atual presidente Manoel Eduardo Marinho, o Maninho (PT), na disputa pela direção da Casa. Apesar de o candidato do prefeito Mário Reali (PT) ter sido derrotado, o discurso é de que a maioria do Legislativo continua apoiando o governo.

Durante toda a sessão que precedeu a eleição da mesa, o PT, liderado pelo presidente municipal, Josemundo Dario Queiros, o Josa, organizou força-tarefa com a presença de articuladores e secretários do governo para reverter o quadro. No vai e vem da votação de projetos de lei, os parlamentares entravam nas antessalas da Câmara e atendiam telefonemas com frequência.

Segundo Laércio, os vereadores sofreram "pressão violenta" para apoiarem Maninho. "Fizemos uma discussão sólida e ninguém roeu a corda", destacou. O grupo dos noves já estava definido desde segunda-feira, quando fecharam a chapa e protocolaram na terça-feira de manhã.

O secretário de Segurança Alimentar e presidente do PSB, Manoel José da Silva, o Adelson, encaminhou carta recomendando que os vereadores Célio Lucas de Almeida, o Célio Boi, e Wagner Feitoza, o Vaguinho votassem na chapa de Maninho, caso contrário poderiam ser enquadrados no código de ética do partido. "Houve pressão da executiva municipal e estadual, mas eu não poderia voltar atrás em uma decisão que já tinha a minha assinatura", avaliou Célio Boi. O deputado federal e presidente estadual do PSB, Márcio França, telefonou para os vereadores e reforçou o pedido de Adelson. "O Célio Boi foi muito firme, segurou a pressão e o Vaguinho também", reforçou Laércio. Nos bastidores, o comentário era que a ‘pressão' mencionada referia-se a demissões de comissionados aos "rebeldes". "Isso nunca existiu, é incoerência dizer isso. Quem deveria cobrar esse apoio é o PT e não o governo", disse Josa.

Além de Laércio na presidência, chapa eleita traz como 1º vice presidente Célio Boi, 2º vice-presidente Talabi Ubirajara Cerqueira (PSDC), 1ª secretária Marion de Oliveira (PTB), 2º secretário Márcio Pascoal Giudicio, o Márcio da Farmácia (PSDB) e 3º secretário Vaguinho.

Partido perde espaço político para disputa eleitoral de 2012

A nova configuração do Legislativo para 2011 terá peso eleitoral nas eleições 2012. A começar pelo discurso do presidente eleito, Laércio Soares, que coloca a vitória como um passo de independência na relação com a gestão petista.

O PCdoB vinha sendo aliado natural do PT nas últimas eleições. Com a coligação, os petistas consideravam que Laércio se mantinha eleito na aba do partido. "Eu vinha pagando muito caro por isso. Agora não vou mais pensar que a coligação com o PT é automática, ela terá de ser pensada. Precisamos ter uma chapa proporcional nossa, fortalecer o partido e pensar em uma candidatura majoritária. Com a minha eleição, o partido cresce", avaliou.

Outro ponto influente é a participação do PSDB na direção da mesa, com o 2º secretário Márcio Pascoal Giudicio, o Márcio da Farmácia (PSDB). A legenda tem dois pré-candidatos à sucessão do prefeito Mário Reali (PT): José Augusto Ramos da Silva e Lauro Michels. Ambos ainda não entraram em consenso e Michels estuda uma troca de legenda, caso não haja espaço.