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No front diplomático, situação também é difícil para Washington
Da AFP
25/03/2003 | 00:36
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Longe do barulho das armas, o front diplomático também está semeado de armadilhas para Washington, que tem de enfrentar as tensões com a Rússia e a forte condenação do ataque ao Iraque pela Liga Árabe.

Os Estados Unidos também estão engajados nas conversações delicadas com Ancara sobre o processo explosivo de uma entrada das tropas turcas no Curdistão iraquiano, enquanto as discussões com a comunidade internacional sobre o futuro do Iraque não se anunciam como das mais fáceis.

A polêmica se agravou nesta segunda-feira, com as supostas vendas de armas e equipamentos eletrônicos militares russos ao Iraque. Washington acusa Moscou de fazer vista grossa a estas vendas. O presidente George W. Bush e o secretário de Estado Colin Powell anunciaram seu descontentamento diretamente aos colegas russos Vladimir Putin e Igor Ivanov.

A Casa Branca garante ter "provas concretas" da venda de binóculos de visão noturna, sistemas de interferência de radar e mísseis às forças iraquianas. "É o tipo de equipamento que coloca nossos jovens homens e mulheres em situação de perigo. Isso dá ao inimigo uma vantagem que nós gostaríamos que ele não tivesse", declarou Powell.

Moscou, na voz de seu presidente, Vladimir Putin, e as empresas envolvidas protestaram com vigor contra as acusações, classificadas de "invenções", garantindo o respeito ao embargo da ONU sobre as vendas de armas ao Iraque.

Nesta segunda-feira, a Rússia, um dos defensores da paz, juntamente com França e Alemanha, também intensificou sua oposição ao conflito no plano diplomático, afirmando que levaria à ONU a questão da legalidade desta guerra. O governo russo disse ainda que se oporá a qualquer modificação do programa "Petróleo por Alimentos" para o Iraque, atualmente suspenso, mas que os Estados Unidos querem revisar, na expectativa de uma queda do atual regime.

Washington também recebeu um duro golpe dos países da Liga Árabe, que aprovaram nesta segunda uma resolução condenando "a agressão americana" contra o Iraque e exigindo "a retirada imediata" das forças da coalizão. Apenas o Kuwait, que abriga em seu território o grosso das forças terrestres mobilizadas contra o Iraque, expressou reservas sobre esta moção adotada pelos chanceleres árabes reunidos no Cairo.

A tentação da Turquia de enviar suas próprias tropas ao Curdistão iraquiano - para evitar qualquer agitação curda suscetível de se propagar até seu país - continua a representar um sério problema para os EUA. Intensas discussões aconteceram nesta segunda em Ancara sobre o assunto com o enviado da Casa Branca Zalmay Khalilzad, sem resultado.

Powell reafirmou que não via "necessidade de uma incursão turca pelo Norte do Iraque, que poderia se traduzir em confrontos com os curdos, com os quais Washington conta nas operações contra o regime iraquiano".

Os possíveis debates sobre o futuro do Iraque se anunciam num dia delicado, depois que o presidente francês, Jacques Chirac, declarou que Paris se oporia na ONU a tudo que representasse a legitimação do conflito e à instauração de um tipo de protetorado anglo-americano naquele país. Por sua vez, Powell prometeu que a coalizão ficaria encarregada do Iraque "por um período tão curto quanto possível", antes de passar o bastão para "uma autoridade iraquiana interina (...) Eu acredito que nós teremos o apoio da ONU, porque as Nações Unidas estão interessadas na reconstrução do Iraque", indicou.




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