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A luz de McCain, Bush, Carter e Haddad
Beto Silva
Do Diário do Grande ABC
14/10/2016 | 07:00
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As transições de governo nas prefeituras do Grande ABC não serão das mais tranquilas. A tensão que permeia as campanhas terá continuidade. Atitudes republicanas e democráticas serão deixadas de lado, infelizmente, e quem sofre é a população das cidades. Seria hora de os homens públicos da região mostrarem grandeza, apesar das derrotas. Como fazem os norte-americanos quando perdem a presidência.

Veja, caro leitor, a envergadura e a carga patriota do discurso feito por John McCain logo após as urnas apontarem vitória de Barack Obama, em 2008. “Peço a todos os americanos que me apoiaram que se juntem a mim não apenas para parabenizá-lo, mas para oferecer ao nosso próximo presidente nossa boa vontade e nossos esforços mais honestos para encontrar modos de nos unirmos a fim de efetuarmos os compromissos necessários para superar nossas diferenças e ajudar a restaurar nossa prosperidade, defender nossa segurança em um mundo perigoso, e deixar para nossos filhos e netos um país melhor e mais forte do que o que herdamos (…) Desejo boa sorte ao homem que foi meu oponente e será meu presidente (…) Americanos nunca desistem. Americanos nunca se rendem. Nunca nos escondemos da história. Nós fazemos história.”

George H.W. Bush disse, em 1992, quando Bill Clinton ganhou: “Eu quero que o país saiba que toda nossa administração vai trabalhar de perto com o time dele para assegurar uma transição suave de poder. Há trabalho importante a ser feito, e a América deve sempre vir em primeiro lugar. Então, nós vamos apoiar esse presidente e desejar o bem para ele (...) Agora eu peço que nós apoiemos nosso novo presidente e, apesar das nossas diferenças, todos os americanos dividem o mesmo propósito: fazer dessa a maior nação do mundo.”

Na mesma linha, Jimmy Carter, que perdeu a reeleição em 1980 para Ronald Reagan, frisou que estava “ansioso para trabalhar de perto com ele durante as próximas semanas”. “Nós teremos um período de transição muito bom, e eu disse a ele que queria o melhor da história. E mandei para ele esse telegrama, que leio para vocês: ‘Agora é aparente que o povo americano escolheu você como próximo presidente. Eu o parabenizo, e prometo a você todo nosso apoio e cooperação em trazer uma transição ordeira de governo nas próximas semanas. Meus melhores desejos estão com você e sua família, ao passo você abraça as responsabilidades à sua frente’.”

É padrão dos norte-americanos. Mas o prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), tem adotado a mesma conduta ao passar o bastão para João Doria (PSDB), em um plano de transição que seja “o mais tranquilo possível para que a cidade só ganhe”. “Num País onde a gente vê fragilizadas as instituições republicanas, um momento de fragilidade da República, eu penso que nós temos que dar o exemplo e fortalecer as instituições, e uma das instituições que eu mais prezo são as transições de governo, porque isso revela espírito público, respeito à democracia, respeito ao resultado das urnas, à vontade popular”, afirmou o petista.

Essas ações apenas salientam a magnificência tão rara em homens públicos brasileiros. Logo eles, que devem dar exemplo aos cidadãos e prezar pelo desenvolvimento dos municípios. Será difícil engolir a seco a derrota, despir-se das vaidades e dos naturais desapontamentos e encher-se de dignidade para ofertar ao adversário e à população o mínimo de respeito?

A democracia agradece. O Grande ABC agradece. E, se isso ocorrer, tenham certeza de que os senhores, após discursos e atitudes, sairão maiores do que entraram. Utopia? Talvez. Mas caráter na política não faz mal a ninguém. 

Kassab na região
O ministro da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab (PSD), estará hoje pela manhã no Centro Universitário FEI, de São Bernardo, para ministrar palestra no último dia do Congresso de Inovação 2016 – Megatendências 2050.

Mudança
O vereador de São Bernardo Marcos Lula (PT) afirma que seu perfil nas redes sociais no qual se identifica como Marcos Silva, destacado na edição de quarta-feira desta coluna, é usado para fins apenas pessoais, apesar do conteúdo político nela expresso. Segundo ele, há outras páginas voltadas para questões político-partidárias que levam o sobrenome do pai, o ex-presidente Lula.




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