As mulheres estão se tornando as principais vítimas da Aids e a luta global contra a doença está fracassando. Os líderes globais precisam olhar com mais atenção para essa questão, segundo o secretário-geral da ONU (Organização das Nações Unidas), Kofi Annan. Essa declaração foi feita neste domingo em Bangcoc, na Tailândia, por ocasião da 15ª Conferência Internacional sobre a Aids, que tem como tema ‘Acesso à atenção para todos’.

Annan fez um emocionado apelo para que garotas sejam educadas para se proteger contra a pandemia (epidemia que se espalha a vários países e a mais de um continente) em um mundo em que cada vez mais mulheres contraem o vírus da Aids de seus próprios maridos.

Ele lembrou que, freqüentemente, as diferenças sociais são responsáveis por tornar as mulheres mais propensas a contrair o vírus HIV.

“Um terço dos países (ainda hoje) não têm políticas que garantam o acesso ao tratamento e à prevenção para as mulheres", afirmou o secretário-geral.

Ele também elogiou o governo da Tailândia pelos resultados do programa de prevenção à Aids, principalmente entre as profissionais do sexo. Hoje, 95% delas usam preservativos.

Annan afirmou ainda que a Ásia vive um momento crucial na batalha contra a doença, que pode ser uma ameaça para o desenvolvimento econômico do continente.

Diversos especialistas temem que os casos da pandemia registrados na Ásia possam superar os da África subsaariana se não forem adotadas ações decisivas nos três próximos anos.

A Unaids (agência da ONU para o combate da Aids) já expressou sua preocupação em relação à Índia, China e Indonésia, três países que concentram 40% da população mundial e onde a doença cresce a passos largos.

"Na Ásia o HIV-Aids está num momento crucial e o futuro dessa região depende de como se responde a esse desafio", disse Annan.

Dois terços dos portadores dessa doença vivem na África subsaariana, mas a Ásia e Europa oriental são regiões cada vez mais ameaçadas.

A 15ª Conferência Internacional sobre a Aids, a maior realizada até agora, que fará um balanço da doença no mundo, vai apresentar como um dos assuntos em destaque os tratamentos anti-retroviral que dão esperança de sobrevivência para os soropositivos.

Cerca de 20 mil pesquisadores, dirigentes políticos, portadores do HIV e representantes de organizações não-governamentais participarão desse encontro, que é realizado a cada dois anos, até a próxima sexta-feira.