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Cacciola promete responder todas as perguntas da CPI
José Augusto Gayoso
Da ARN, com Agências 
13/05/1999 | 08:59
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A CPI (Comissao Parlamentar de Inquérito) do sistema financeiro tomará nesta quinta o depoimento de dois dos personagens centrais da investigaçao sobre a atuaçao do BC (Banco Central) durante a desvalorizaçao cambial: os donos dos bancos Marka e FonteCindam, Salvatore Cacciola e Luiz Antônio Gonçalves.

Sob risco de quebra, ambos foram socorridos pelo BC em janeiro. Apesar da expectativa que cerca, principalmente, o depoimento de Cacciola, previsto para iniciar às 10h, nenhum elemento novo foi descoberto com a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico dos dois banqueiros. "A análise ainda nao terminou, mas até agora nao encontramos nada", admitiu quarta o relator da CPI, senador Joao Alberto (PMDB-MA). "Cacciola poderá ser convocado novamente caso algo apareça."

Com esses dois depoimentos, a Comissao conclui os trabalhos de investigaçao sobre a ajuda aos bancos Marka e Fonte-Cindam, abrindo espaço para a nova rodada que poderá atingir bancos estrangeiros. A atividade da próxima semana, quando será ouvido, na quinta-feira, o secretário da Receita Federal, Everardo Maciel, deverá ser fundamental para que os senadores saibam se poderao avançar na investigaçao sobre os bancos estrangeiros. Havia intençao de se aprofundar a investigaçao sobre a suposta sonegaçao praticada por esses bancos e sobre os ganhos considerados excessivos durante a desvalorizaçao cambial.

Os dois fatos constam do requerimento de criaçao da CPI, e a convocaçao dos presidentes de todas as instituiçoes financeiras estrangeiras em funcionamento no Brasil foi aprovada na primeira sessao da CPI. Mas o movimento teve refluxo com a intervençao do deputado Aloísio Mercadante (PT-SP) na CPI. Após a apresentaçao dele na comissao, quando mostrou dados que lançavam suspeitas sobre os ganhos dos bancos, os governistas preferiram deixar o tema em banho-maria para nao valorizar demais a participaçao do oposicionista nos trabalhos.

Sabatina - Basicamente, os senadores - em especial os da oposiçao - querem saber do banqueiro se houve ou nao vazamento de informaçoes para o Marka sobre a desvalorizaçao do real e se o ministro da Fazenda, Pedro Malan, sabia da operaçao de salvamento do banco. Mas vao surgir outros questionamentos, que podem trazer embaraços ao banqueiro.

O senador Siqueira Campos (PFL-TO), por exemplo, está intrigado com a insistência com que Cacciola vem procurando revistas semanais para dar declaraçoes como "vou contar toda a verdade" ou "ainda vou resgatar aquele débito". O senador diz que será direto: "Ora, se ao que tudo indica ele e seu banco foram os maiores beneficiados com a operaçao de salvamento do BC, que lhe deu todas as condiçoes para sair do aperto, por que ele fala em cobrar, agora, e cobrar de quem?"

O senador Eduardo Suplicy (PT-SP) é forte candidato a ser o maior inquiridor de Cacciola. Pelo menos um tema intriga Suplicy: "Por que nao foi feito nada quando a BM&F (Bolsa de Mercadorias e Futuros) comunicou ao BC que o Marka havia ultrapassado a cota determinada para investimentos de uma única instituiçao?"

Já Pedro Simon (PMDB-RS) promete se destacar pelo sarcasmo. "Vou querer mesmo é saber quanto Cacciola gastava para pagar o cartao de crédito da mulher, ex-miss Rio Grande do Sul, já que ela comentou que nunca teve limites para usar o cartao."

Joao Alberto, porém, tem outro objetivo. Segundo ele, as perguntas na sessao de quinta serao "simples, sem nada bombástico, procurando criar o espaço para que os banqueiros falem à vontade". Em entrevista ao canal de TV Globonews, Cacciola prometeu quarta responder a todas as perguntas dos senadores. O advogado de Gonçalves, Técio Lins e Silva, disse que a postura de seu cliente também será a de colaborar com a CPI. "Nao haverá nada de espetacular no depoimento dele."




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