Segundo relato do médico João Francisco Daniel, irmão de Celso Daniel, ao Ministério Público, os empresários que não entregassem quantias em dinheiro eram ameaçados pelos três de terem seus negócios com a prefeitura suspensos. Os recursos seriam entregues ao ex-secretário de Governo da cidade Gilberbo Carvalho, que os repassaria ao presidente nacional do PT, deputado José Dirceu. A arrecadação teria sido interrompida após a morte do prefeito.
Com base no depoimento, o Ministério Público denunciou o trio por formação de quadrilha. Também foram envolvidos na denúncia Humberto Tarcisio de Castro (proprietário da Projeção Engenharia), Irineu Nicolino Martin Bianco (gerente da Expresso Nova Santo André) e Luiz Marcondes de Freitas Júnior (gerente da Associação das Empresas de Santo André e ex-secretário da Nova Santo André), que também recolheriam propina em nome da administração municipal.
Expresso Guarará - Ainda de acordo com João Francisco, a Expresso Guarará foi uma das vítimas do esquema de extorsão. Em 1997, Sérgio Gomes e Klinger teriam exigido do empresário Luiz Alberto Gabrilli Filho, sócio-proprietário da empresa e da Viação São José, o pagamento mensal de R$ 40 mil. A estimativa é de que Gabrilli tenha entregado cerca de R$ 2 milhões ao grupo, entre 1997 e 2001.
Rotedali - As irregularidades se estenderiam à Rotedali Serviços de Limpeza Urbana, empresa que coleta lixo em Santo André da qual Ronan Maria Pinto é sócio. João Francisco afirma que foram feitas medições incorretas de lixo coletado pela empresa que levavam a Prefeitura a pagar a pesagem da coleta de 120 caminhões pelo valor de 240.
Segundo o médico, o diretor do Departamento de Resíduos Sólidos da Prefeitura na época, William Grip, foi substituído por uma pessoa de confiança de Klinger, a arquiteta Sheila Bailão.
João Francisco disse ainda que seu irmão foi morto porque teria descoberto que o esquema de cobrança de propina estava sendo utilizado para enriquecimento pessoal dos envolvidos.
Principais envolvidos na denúncia:
Klinger Luiz de Oliveira Souza - Secretário afastado de Serviços Municipais de Santo André. Segundo João Francisco, ele participava da arrecadação de dinheiro para campanhas eleitorais do PT e nomeou como seus interlocutores os empresários Ronan Maria Pinto e Sérgio Gomes da Silva.
Sérgio Gomes da Silva - Empresário sócio de Ronan Maria Pinto em empresa de ônibus no Nordeste e amigo do ex-prefeito Celso Daniel. É apontado como líder do esquema de arrecadação de propina.
Ronan Maria Pinto - Empresário proprietário da Rotedali (empresa que coleta lixo em Santo André) e sócio na Expresso Nova Santo André. Junto com Sérgio Gomes, ele cobraria propina junto a empresários com contrato com a Prefeitura.
José Dirceu - Presidente do PT e coordenador da campanha de Luís Inácio Lula da Silva. Receberia a propina arrecadada em Santo André e em outras prefeituras administradas pelo partido.
Gilberto Carvalho - Ex-secretário de Governo e Comunicação de Santo André é acusado de levar o dinheiro coletado em Santo André para o presidente nacional do PT, deputado José Dirceu. João Francisco disse ter tomado conhecimento do esquema de arrecadação de propina por meio dele e de Miriam Belchior.
Luiz Alberto Ângelo Gabrilli Filho - Empresário sócio da Viação São José que teria sido extorquido por Sérgio Gomes, forçado a pagar R$ 40 mil mensais, sob ameaça de sua empresa sofrer intervenção pela Prefeitura.
Miriam Belchior - Ex-mulher de Celso Daniel e secretária municipal de Inclusão Social de Santo André. João Francisco disse ter tomado conhecimento do esquema de arrecadação de propina por meio dela e de Gilberto Carvalho.
Luiz Marcondes de Freitas Júnior - Gerente da Associação das Empresas de Santo André (Aesa). Denunciado pelo Ministério Público por arrecadar propina junto a empresários da cidade.
Humberto Tarcisio de Castro - Ex-sócio de Ronan Maria Pinto na Projeção Engenharia (prestadora de serviços da Prefeitura). Denunciado pelo Ministério Público por “além de servir de intermediário de parte dos recursos obtidos, ficar encarregado de se associar a empresários para, depois, debilitá-los, facilitando a atuação da quadrilha”.
Irineu Nicolino - Gerente da Expresso Nova Santo André, da qual Ronan Maria Pinto é sócio, também denunciado pelo Ministério Público por arrecadar propina junto a empresários da cidade.
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