Economia Titulo Sem acordo
Bancários seguem em greve, a maior desde 2004

Hoje, paralisação entra no 24º dia e, há 12 anos,
durou um mês; sindicatos rejeitaram nova proposta

Soraia Abreu Pedrozo
Do Diário do Grande ABC
29/09/2016 | 07:30
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André Henriques/DGABC


A greve dos bancários entra hoje no 24º dia (17º dia útil) e figura como a maior desde 2004. Há 12 anos, a paralisação se estendeu por um mês. No ano passado, durou 21 dias. Ontem, representantes dos sindicatos dos bancários estiveram reunidos, pelo segundo dia consecutivo, com a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos). A entidade que representa os bancos, no entanto, praticamente manteve a proposta anterior, ao oferecer 7% de aumento salarial mais abono de R$ 3.500 – R$ 200 a mais do que na última reunião. Também foi apresentado reajuste para 2017, composto pela inflação do período mais 0,5% de crescimento real.

“Rejeitamos as duas ofertas na mesa de negociação. Ambas as propostas são insuficientes e apresentam perdas para a categoria. A greve dos bancários será mantida pela irresponsabilidade dos bancos, que têm alta lucratividade e resistem em melhorar a correção dos salários e dos benefícios”, afirma Belmiro Moreira, presidente do Sindicato dos Bancários do ABC.

De acordo com Moreira, a categoria exige, pelo menos, que haja aumento real, ou seja, acima da inflação. Até agosto, o INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor) acumula 9,62% em 12 meses. O pleito dos bancários é de correção de 14,78%. “O abono não contempla a proposta porque não é incorporado ao salário, o que gera contribuição menor ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) e tem desconto do IR (Imposto de Renda)”, justifica.

Quanto à oferta de corrigir os benefícios com os mesmos 7%, Moreira aponta que igualmente é insuficiente, já que a inflação de alimentos, no caso do vale-refeição, e dos serviços, como transportes e auxílio-creche, é maior que o percentual oferecido.

O sindicalista cita que os lucros dos bancos permanecem nas alturas, enquanto muitos setores registram perdas diante da crise econômica. Segundo ele, os cinco maiores bancos brasileiros (Bradesco, Itaú Unibanco, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal) apresentaram, no primeiro semestre, o lucro líquido de R$ 29,7 bilhões. “Além disso, as tarifas bancárias foram reajustadas em 20% recentemente, e as taxas anuais de cartão de crédito bateram a casa dos 700%, enquanto as do cheque especial, 320%. A culpa da greve é exclusivamente dos banqueiros.”

A categoria pede também piso salarial de R$ 3.940, conforme salário mínimo definido pelo Dieese – hoje, valor de entrada é de R$ 1.900. Ainda, PLR (Participação nos Lucros e Resultados) de três salários mais um fixo de R$ 8.317,90 – atualmente, a quantia é limitada a 2,2 salários. Quanto aos benefícios, o pleito é de ampliar o vale-refeição, de R$ 652 mensais para R$ 880. O mesmo valor é pedido para a cesta-alimentação, que hoje é de R$ 490.

O Comando Nacional dos Bancários reitera que continua à disposição da Fenaban para ter proposta que permita resolver a campanha sem perdas para os bancários e bancárias.

IMPACTO - Enquanto isso, na região, quase 100% das agências bancárias estão com as portas fechadas. São alternativas caixas eletrônicos, internet banking e telefone. 




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