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Volpi quer popularizar segundo mandato
Juliana de Sordi Gattone
Do Diário do Grande ABC
06/01/2008 | 07:17
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Embora seja declaradamente contrário à reeleição, o prefeito de Ribeirão Pires, Clóvis Volpi (PV), tentará um novo mandato em 2008. A justificativa é simples: faz parte do jogo.

No entanto, o político entra na disputa afirmando que deixará o caminho livre para novas lideranças em 2012, o que já provoca uma corrida entre os integrantes do grupo político. Para muitos, a vaga de vice na chapa de Volpi garantiria o lugar na eleição seguinte. Mas Volpi desmente e diz que não há uma regra: “Vice começa e termina vice. Já um secretário pode ser incontrolável”. Para ele, o ideal seria ter um vice comprometido a não disputar a eleição de 2012.

Após afirmar ter recuperado os cofres públicos e concluído 80% do programa de governo, Volpi pretende popularizar uma possível segunda gestão. A idéia é tornar os bairros auto-suficientes, como se fossem pequenas cidades, com escolas, postos de saúde, bibliotecas, comércio. Tudo para evitar o congestionamento do Centro, impossível de ser expandido.

FINANÇAS
“No começo do ano tomamos um susto porque perdemos R$ 6,5 milhões, sendo R$ 3,5 milhões para o Fundeb e mais R$ 3 milhões em acordo com o Ministério do Trabalho para pagar a dívida atuarial. Foram quase 7%, da receita da cidade, de R$ 100 milhões, em investimentos que não estava no nosso programa. Então, passamos os primeiros seis meses com muitas dificuldades e restrições. Já no segundo semestre, conseguimos equilibrar. Acabamos encerrando o ano com as contas zeradas dentro dos padrões da Lei de Responsabilidade Fiscal. Na realidade, nós tivemos um pouco de sorte nisso tudo. Não vamos ter superávit, mas também não teremos déficit.”

DÍVIDA ATIVA
“O que nos ajudou na recuperação final do segundo semestre é que a gente arrecadou mais do que previu com a dívida ativa: R$ 5 milhões. Fizemos alguns programas de financiamento e refinanciamento de dívida, algumas campanhas publicitárias. Hoje, nossa dívida ativa é de R$ 30 milhões.”

PRECATÓRIOS
“As parcelas anuais de precatórios estão sendo pagas rigorosamente em dia, sem problemas. Faltam quatro para algumas dívidas, outras renegociamos em 20 anos. O total com dívidas judiciais chega a R$ 30 milhões, mas já pagamos uma boa parte. Somos bons pagadores, por isso, não tem nada na Justiça. 98% das nossas contas são pagas rigorosamente em dia, a diferença dos 100% é porque as empresas não acabam os serviços no dia previsto.”

MAIOR DIFICULDADE
“Precisamos ter um pouco mais de receita. Cerca de R$ 10 milhões ou R$ 12 milhões a mais por ano. Assim, teríamos uma Prefeitura extremamente saudável e equilibrada financeiramente. Se tivéssemos uma empresa média na cidade, já vendendo, faturando, para aumentar o índice de participação no ICMS, nós teríamos liquidado isso.”

PRIORIDADES
“A construção do novo hospital é prioridade número 1. Já estamos licitando e começaremos as obras por volta do mês de março ou fevereiro. Também quero concluir a rodoviária, com a segunda etapa, mudando o sistema viário da cidade. A construção de quatro escolas em bairros. A conclusão da Vila do Doce, que deveria ser inaugurada no Natal, mas não conseguimos por conta dos inúmeros contratempos ambientais. Também há cinco novos Centros de Lazer. Estamos calculando ainda R$ 8 milhões só em infraestrutura, galerias, captação de águas pluviais, asfalto.”

BALANÇO DO MANDATO
“Na última vez que computamos, 80% do programa de governo já havia sido concluído.”

GOVERNO FEDERAL
“No aspecto político, todo governo cansa. Por isso, sou contra reeleição. Oito anos é um negócio terrível. Acho que os mandatos deveriam ter seis anos, no máximo. Então, todo governo que vai ter oito anos não tem a tendência de ser sempre um bom governo. E isso aconteceu com Fernando Henrique Cardoso, vai acontecer com o Lula, vai haver um desgaste natural, e isso acontece também com os prefeitos, cansa, é difícil. É difícil uma avaliação positiva como foi no primeiro mandato. Tem que estar preparado para isso, é uma avaliação difícil, porque é cansativo, toma muito o físico da gente.”

REELEIÇÃO
“Acho que em quatro anos é muito pouco para presidente, governador. Seis anos já estaria bom. Penso igual ao norte-americano: o político tem de disputar uma reeleição. Não tenho mais pique. Falo isso abertamente. Vou disputar e se eu tiver brigando por voto depois disso, pode me internar porque eu sou louco. Isso aqui não dá. Vou disputar em 2008 por conta do sistema, mas torcia para ver se votariam o fim da reeleição, mais um ano e estaria resolvido o nosso problema.”

BANDEIRA DE CAMPANHA
“Agora, temos de popularizar um pouquinho mais a administração. Acho que podemos fazer uma administração bem mais popular, ou seja, solução de ansiedades individuais ou coletivas. Temos 114 km², portanto, temos bairros distantes. Nós temos que dar vida a esses bairros, estimular o comércio, o lazer, colocar biblioteca, escola, centros de conveniência, posto de saúde. Criar vida própria nos bairros, transformá-los em pequenas cidades. Isso elimina o transporte, elimina o acesso à cidade, o congestionamento no Centro, que é muito pequeno.”

ADVERSÁRIOS
“Sempre colocamos cinco nomes na pesquisa de prefeitos: Valdírio Prisco, Maria Inês Soares, Luiz Carlos Grecco, eu e Ednaldo de Manezes, o Dedé, que é o presidente da Câmara. Mas acredito que sairão apenas três candidatos. Não vejo o Grecco como candidato novamente. Tenho conversado com Dedé. A Maria Inês, eu acho que sai. E o Prisco ainda tem um nome muito forte na cidade. O PT não conseguirá vencer mais em Ribeirão Pires, será sempre o terceiro partido, por conta das lideranças. Prisco pode disputar 2008, mas não tem como disputar uma outra. O Grecco pode disputar essa, mas não tem como disputar outra. Então, quem é que sobrou?”

VICE
“Temos conversado com o PR, partido do atual vice, Jorge Mitidiero. O importante para a cidade é que o grupo se mantenha unido, porque nós fizemos um projeto juntos. Nós temos conversado o que é melhor para o grupo e para a cidade. Se nós entendermos que o melhor seria compormos com os outros grupos, acho que todos têm de compreender, até porque eu não sou mais candidato em 2012. Ser vice agora não garante a vaga de candidato a prefeito em 2012. Às vezes, um secretário de uma Pasta estratégica se destaca mais do que um vice. Eu não seria vice de ninguém. Vice começa e termina vice. O secretário é incontrolável.”

SUCESSÃO
“O Dedé está na ascendência. O Jorge querer disputar como vice ou como prefeito é um processo normal, porque ele foi um excelente secretário de Saúde, um excelente vice-prefeito e um excelente companheiro partidário. Neste momento, busco a conciliação desse grupo.”

CARREIRA
“Tenho o compromisso de não ser mais candidato. Minha carreira política está chegando ao fim. Meu desejo é preparar pessoas para governar. Porque se tivéssemos feito uma administração nos moldes dos velhos políticos, não dos novos gestores políticos, a cidade não estaria do jeito que está hoje. Temos um secretariado jovem. Assim se produz novas lideranças.”




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