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Menor acusado de matar 15 é resgatado na Zona Leste
Das Agências
05/12/2000 | 00:30
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Batoré, 17 anos, ex-interno da Fundaçao Estadual do Bem-Estar do Menor, acusado pela polícia de cometer 15 homicídios, está na rua de novo. Ele foi resgatado, segunda à tarde, em pleno trânsito da avenida Salim Farah Maluf, na Zona Leste de Sao Paulo, por dois rapazes armados com semi-automáticas PT 380. Batoré e mais três adolescentes estavam sendo levados da unidade de Franco da Rocha ao Fórum do Brás, para audiência com juízes da Infância e Juventude.

"Abre as algemas que meus parceiros estao chegando!", teria ordenado Batoré aos monitores que o conduziam, desarmados, numa Kombi sem grades nem fechadura especial. "Eu nao estava vendo ninguém", contou A., 30 anos, funcionário da Febem há um ano. "Segundos depois, os caras vieram correndo em direçao à Kombi." Um deles encostou a arma na cabeça do motorista e o outro abriu a porta lateral. "Solta os menores e dá a chave da perua", mandou. "Valeu!", disse, ao ser obedecido.

Batoré e outro menor fugiram em um Gol vermelho, modelo antigo, que os esperava, perto da Ponte do Tatuapé, em direçao à Marginal. Tudo aconteceu a alguns quarteiroes do 81º Distrito Policial. "Quem mexe com menor nao pode andar armado", reclamou o monitor A. que, temendo represálias, só se identifica com a inicial. "Eles podem tudo e a gente só pode usar psicologia."

O delegado Pedro Luiz Porrio, da 5ª Delegacia Seccional da Zona Leste, que prendeu Batoré na semana passada, depois de esperar por ele mais de 20 horas e mobilizar a delegacia toda na captura, estava inconformado. "É uma irresponsabilidade conduzir um adolescente perigosíssimo sem escolta policial." Para ele, os próprios monitores e o motorista corriam risco de vida. O delegado nao quis ser fotografado. "Nao é medo, mas quanto menos eu aparecer, melhor", explicou. "Ele vai querer me pegar e eu quero chegar na frente."

Batoré, que já fugiu oito vezes da Febem, é acusado de 15 assassinatos, inclusive de policiais. Ele passou por várias unidades, entre elas os cadeioes de Pinheiros e Santo André.

Para a promotora de Justiça da Infância e Juventude, Sueli Rivera, Batoré foi demasiadamente exposto. "Supondo que tenham sido mesmo os amigos que o resgataram, bom para ele e péssimo para nós." Ela acha que as acusaçoes contra Batoré têm de ser provadas.




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