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Indústria de brinquedos prepara reestruturaçao
Do Diário do Grande ABC
28/05/2000 | 14:42
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A indústria brasileira de brinquedos pode passar por uma grande reestruturaçao a partir deste ano. A Associaçao Brasileira da Indústria de Brinquedos (Abrinq) está discutindo há seis meses um projeto que visa a garantir a sobrevivência das 318 fábricas do país e criar condiçoes para que os produtos brasileiros possam competir com os importados, responsáveis pela grave crise sofrida pelo setor após a abertura comercial.

A idéia é criar sete ou oito conglomerados que reúnam diversos fabricantes de brinquedos de acordo com a afinidade de produtos. Cada grupo teria uma empresa líder, que passaria a imprimir a sua marca nos produtos das demais. Estas por sua vez se tornariam apenas fabricantes e fornecedoras de brinquedos para a líder. Desta forma, as pequenas conseguiriam sobreviver com a reduçao dos custos de comercializaçao e a empresa líder ganharia ao oferecer uma gama maior de itens.

De acordo com o presidente da Abrinq, Synésio Batista da Costa, a estimativa de reduçao de custos para as empresas que perderiam suas marcas tornando-se apenas fornecedoras é de 15%. "Esta economia deve ser repassada ao preço a fim de conferir maior competitividade frente aos importados", explicou.

Ele argumenta que hoje qualquer empresa que fature menos de R$ 5 milhoes anuais é inviável. Desde a salvaguarda determinada em 1996, nenhuma fábrica de brinquedos fechou, mas poucas conseguem se enquadrar neste patamar. Cerca de 75% dos negócios realizados por todo o setor estao nas maos de 10 clientes, predominantemente cadeias de supermercados.

A uniao em grupos conferiria maior poder de fogo na negociaçao com o varejo, onde as pequenas empresas sao desfavorecidas. Outra vantagem para aquelas que aderirem ao projeto é ter ampliada sua força de vendas e a distribuiçao de seus produtos, graças à infra-estrutura das empresas maiores.

O primeiro grupo já está praticamente formado e reúne oito empresas. A liderança deve ficar com a Estrela, embora a Abrinq nao confirme a informaçao. O anúncio oficial pode ocorrer durante a 17ª Feira Internacional de Brinquedos, que acontecerá na semana que vem em Sao Paulo. O pool seria responsável por um faturamento de R$ 200 milhoes e um portfolio 1.200 itens. Segundo ele, falta apenas a confirmaçao final de todas as integrantes.

Os processos de fusao devem, no entanto, se estender até o final do ano. Eles precisarao passar por avaliaçao do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) do Ministério da Justiça, se os grupos detiverem acima de 20% do mercado ou se o faturamento total superar R$ 400 milhoes.

Até agora, das 220 associadas, apenas 68 manifestaram-se favoravelmente à proposta de formaçao de conglomerados. Segundo a Abrinq, muitos ainda estao reticentes sobre como funcionará a uniao e grande parte é empresa familiar, cuja negociaçao costuma ser mais longa.

Para Synésio, os modelos de fusoes e incorporaçoes ocorridos até agora nao se adequam ao setor, que está em processo de salvaguarda, nao tem dinheiro nem interessados externos com quem negociar. "Tivemos que criar o nosso próprio modelo", justificou.

Feira - A 17ª Abrin - Feira Internacional de Brinquedos acontecerá desta segunda a sexta-feira, no Expo Center Norte, das 14h às 21h, com a participaçao de 182 expositores e lançamento de 2.000 novos brinquedos. A estimativa dos organizadores é que os negócios fechados no evento respondam por 30% do faturamento do setor no ano, que deve atingir R$ 950 milhoes, ou 15% a mais que em 99. Cerca de 20 mil lojistas passarao pela feira, que é fechada ao público.




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