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Caso Celso Daniel está a um passo de CPI
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
06/01/2004 | 00:16
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O senador Arthur Virgílio (PSDB-AM) disse nesta segunda-feira que já tem 25 das 27 assinaturas necessárias à abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para investigar se existe relação entre o assassinato do prefeito de Santo André, Celso Daniel (PT), em janeiro de 2002, e a suposta existência de uma quadrilha que cobraria propina de empresários da cidade.

O parlamentar considera certa a adesão da senadora Heloisa Helena, que recentemente foi expulsa do PT por ter votado contra as reformas. Virgílio não revelou os nomes dos colegas que integram a lista, sob o pretexto de que eles podem sofrer pressão do governo para recuar. Mas disse que dentro de um mês deverá ter em mãos pelo menos 32 assinaturas. “Dependemos da evolução dos acontecimentos, mas tenho cinco ou seis possibilidades de assinatura. É coisa para mais um mês.”

Em tese, os partidos de oposição teriam facilidade para fechar uma lista com 33 nomes: são 17 senadores no PFL, 11 no PSDB e mais cinco no PDT. Mas Virgílio afirmou que há dificuldade para fechar a lista. Por enquanto há cerca de dez assinaturas de parlamentares do PSDB, três do PDT e duas ou três no PMDB. Até mesmo no PFL faltam cerca de seis assinaturas.

Há duas semanas, o deputado federal e presidente estadual do PSDB, Antônio Carlos Pannunzio, disse ao Diário que o partido deveria decidir em fevereiro sobre pedir ou não a abertura de uma CPI para investigar o caso Santo André. Pannunzio afirmou também que a medida ainda era mais uma iniciativa de alguns parlamentares do PSDB, entre eles Arthur Virgílio, do que uma decisão do partido.

Virgílio confirmou que os tucanos ainda não têm posição a respeito, mas ressaltou que não existe uma contra-indicação. “Não está definido, por exemplo, se vamos pedir uma CPI mista ou apenas no Senado.”

Virgílio descartou a idéia sustentada por parlamentares do PT de que a iniciativa de abertura de uma CPI em ano eleitoral faz parte da estratégia para desgastar a imagem do governo Lula e dos candidatos petistas. “Nunca fui de espoletar CPI e nunca houve intenção de exploração eleitoreira. Foi o PT que impediu que esta CPI fosse instalada no ano passado.”

Parte da investigação sobre a morte do prefeito e a existência da quadrilha na Prefeitura de Santo André leva em consideração denúncias de uma suposta conexão entre a cobrança de propina e o financiamento de campanhas petistas, mas Virgílio evitou avançar neste ponto. “Não posso fazer uma afirmação destas”, disse o senador. “Queremos saber quem matou e qual o caráter do crime. Santo André é uma cidade importante, que recebe muito dinheiro federal. Se houve quadrilha, o dinheiro pode ter sido desviado. Outra preocupação é com a segurança pública: morre um prefeito em pleno exercício do mandato e as pessoas não deixam investigar. Como o cidadão normal pode andar na rua?”

Virgílio disse que não teme um contra-ataque do PT, que ameaça pedir abertura de CPI para investigar episódios do governo Fernando Henrique.




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