A história da Orquestra de Violeiros de Mauá, que completa nesta terça-feira 15 anos de fundação, tem todas as características das modas de viola que inspiram os músicos. Há espaço para o lirismo, a religião, a saudade e até o lamento, motivado pelas dificuldades enfrentadas pelo grupo. Para comemorar, a Orquestra promove uma série de apresentações que começa nesta quinta-feira, com o show do Grupo Tangarás, e termina somente no domingo.
Fundada no dia 2 de agosto de 1990 pelo maestro João Aletto Filho, a Orquestra é composta atualmente por 60 músicos, com idades entre 12 e 80 anos. Em média, realiza oito apresentações por mês, em festas populares e missas promovidas nas paróquias da região e do interior do Estado. Desde 2000, quando Aletto deixou o grupo, que tem em seu currículo a gravação de dois LPs e três CDs, as violas estão sob a batuta do maestro Joelson de Moura Franco, substituído, eventualmente, por Euclides Volpi dos Santos.
A Prefeitura de Mauá concede aos músicos uma subvenção anual de R$ 5 mil, quantia considerada insuficiente por Franco para as despesas com viagens e estadia nos lugares em que se apresentam. A falta de reconhecimento do público local também é sentida pelo maestro. "Pelo que a Orquestra faz, ela não é tão reconhecida. Tem pessoas daqui de Mauá que não a conhecem até hoje".
Mas, apesar dos obstáculos, o maestro, que integra a Orquestra desde 1993 e aprendeu os primeiros acordes com Aletto, acredita que a satisfação de tocar a música sertaneja tradicional é muito mais importante. "Uma coisa que me marca é tocar nos asilos. Lembro que uma vez, na época do Natal, vi que o pessoal se levantava dos leitos a muito custo para nos ver. Isso me deu um nó na garganta. Não fazemos por dinheiro".
Frutos - Após sua saída da orquestra, por razões que prefere não comentar, o maestro João Aletto continuou realizando um trabalho de educação musical com crianças e adolescentes. Em 2002, ele criou o Conjunto Municipal de Flauta Doce de Mauá, no Jardim Zaíra. Composto por 80 integrantes, entre 4 e 18 anos, o grupo faz parte de um projeto desenvolvido pelo Instituto Cultural São Paulo Apóstolo, que inclui o Coral das Comunidades de Mauá e oferece aulas de violão, violino, teclado e técnica vocal.
Para Aletto, a música propicia uma nova forma de expressão para os jovens, cercados pela violência e pela falta de perspectivas. "A gente percebe que o bairro é muito sofrido. Eles estão tendo uma oportunidade e têm abraçado com muita dedicação". O resultado de tanto investimento pessoal pode ser conferido nas apresentações que o conjunto faz nas paróquias da cidade e em diversos programas de TV, com destaque para o tradicional Viola, Minha Viola, de Inezita Barroso na TV Cultura.
Sobre o passado na Orquestra de Violeiros, Aletto guarda boas recordações. "Me lembro do nosso primeiro ensaio. Tenho ele guardado no coração. Na época, eu era ministro na Nossa Senhora das Vitórias e dava aulas de violão. Achei que não viria ninguém ensaiar e aí me falaram que a paróquia estava cheia. Nosso primeiro ato foi rezar um Pai-Nosso".
Programação
Quinta-feira (dia 4), às 20h
Show Feira Livre (Cantatas da Terra), com Grupo Tangarás
Sexta-feira (dia 5), às 20h
Grupo Sam-Choro
Sábado (dia 6), às 21h
Grupo Lúmen
Domingo (dia 7), às 19h
Missa em Ação de Graças com a presença da Orquestra de Violeiros de Mauá
Local: Matriz de Nossa Senhora das Vitórias - av. da Saudade, 814, Vila Vitória, Mauá. Entrada franca.
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