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EUA cobiçam mercado automotivo
22/07/2008 | 07:06
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A Casa Branca exige concessões do Brasil no setor automotivo, manobra para rachar o Mercosul (Mercado Comum do Cone Sul). A Anfave (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores) adverte o governo brasileiro que rejeita a abertura ampla do mercado.

Ontem, o governo americano se reuniu com o Itamaraty e avisou que, hoje, apresentaria sua proposta de cortes de subsídios, esperada por todos como o elemento que vai destravar a Rodada Doha da OMC (Organização Mundial do Comércio).

Irritado e sem conseguir fazer avançar os temas, o chanceler Celso Amorim criticou o encontro. Para ele, as reuniões de ontem foram "inúteis". "Sem surpresas, mas também sem idéias. Estamos no mesmo ponto de antes da reunião", afirmou Amorim ao finalizar o primeiro encontro de ministros de cerca de 40 países.

"Talvez tenha sido uma reunião necessária, mas totalmente inútil do meu ponto de vista, porque não houve nenhuma idéia nova, nenhuma sugestão. Esperemos até amanhã (hoje) as pessoas precisam expressar suas posições", acrescentou.

O corte de subsídios é considerado o objetivo central dos países emergentes, o que acabaria com distorções nos mercados. Mas, para que os americanos revelem o quanto estão dispostos a cortar em subsídios, Washington quer concessões e manobra para rachar o Mercosul. Amorim garante que, se não houver uma proposta de corte de subsídios pelos americanos, terá de pensar no que fará.

A representante de Comércio dos EUA, Susan Schwab, foi mais positiva ao comentar o primeiro dia de debates. "Alguns países começaram realmente a falar sobre o que podemos fazer, focalizando no que podem e não podem fazer." Só não disse o que irá propor. "Estamos preparados para fazer a nossa parte e sabemos que teremos de fazer uma contribuição. Mas não vamos agir sozinhos. Precisamos que outros mostrem concessões. Somos um alvo conveniente para outros países que não querem tratar de outros temas", disse Schwab.

A idéia da Casa Branca é de que o Brasil teria maior manobra para flexibilizar sua posição no setor industrial. Mas estaria preso à Argentina, que não dá sinais de conceder um só milímetro em acesso aos produtos industriais. Fontes de Washington confirmaram que a estratégia americana é a de tentar isolar a Argentina e outros países considerados "problemáticos", entre eles a Venezuela.

Em vários momentos, os americanos questionaram se o Brasil, isoladamente, não poderia fazer uma concessão. Mas, ontem, Amorim reiterou a Susan Schwab que "nada na Rodada Doha colocará a sobrevivência do Mercosul em risco".

Os dois países falaram sobre a situação na Argentina, e os EUA questionaram o Brasil sobre a possibilidade de uma queda expressiva nas tarifas para o setor automotivo, atualmente de 35%. Ao saber da cobrança, os representantes da Anfavea que foram a Genebra responderam: "Nem pensar".

Amorim ficou irritado com a reunião de ontem, que não tratou de substância e apenas falou de aspectos políticos e da importância da
Rodada. O chanceler optou então por falar até de imigração.




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