Há dois anos, os supedâneos foram apresentados à população como medida inovadora e solução de segurança nas regiões do Centro e Rudge Ramos. O próprio prefeito Maurício Soares atestava a importância das cabines apoiadas sobre pés, que, segundo dados da Polícia Militar que repetia, teriam diminuído em 35% as ocorrências policiais no entorno das áreas onde foram instaladas.
“O policial era como um membro da comunidade, conhecia todo mundo. Tínhamos até o número do celular dele para ligar quando fosse preciso. Primeiro, retiraram o policial, e, agora, as próprias cabines. Tudo sem nos consultar, mesmo sabendo que fomos nós quem pagamos por elas”, disse Juliana Bergamo, 24 anos, gerente de uma loja próxima à praça Lauro Gomes, na rua Marechal Deodoro, no Centro, onde havia um supedâneo.
A alegação da Prefeitura para retirada dos supedâneos foi a ausência de policiais no locais. Segundo o secretário de Serviços Urbanos, Gilberto Frigo, as cabines estavam sendo alvos de vândalos. “Havia cabines pichadas, destruídas e até usadas como banheiro, e elas tinham o nome da Prefeitura e o símbolo da Polícia Militar. Pegava muito mal”, disse.
As cabines foram instaladas em março de 1999 em 16 pontos considerados pela Polícia Militar como os mais movimentados da cidade. A instalação dos supedâneos foi fruto de uma parceria entre a Prefeitura (que autorizou a colocação e ficou responsável por sua instalação e manutenção), a polícia (que se comprometeu a manter soldados fixos nos postos) e a iniciativa privada (que comprou as cabines).
Na época, o comandante do 6º Batalhão era o coronel Alexandre Melchior. Em março do ano passado, seu substituto, o coronel Jorge Luiz Teixeira, decidiu pela retirada dos policiais que ficavam nos supedâneos. A alegação foi falta de contingente e adoção de uma nova tática de policiamento com motocicletas, o que, para o novo coronel, “garante maior mobilidade e abrangência na cobertura dos locais”. Mas, já há um ano, uma reportagem do Diário constatou o desagrado dos moradors da cidade com o abandono dos postos de segurança.
O atual comandante, José Carlos Rodrigues da Silva, afirmou que não pretende voltar atrás na decisão. Ele lembrou que os locais onde havia os supedâneos hoje contam com a presença de guardas municipais, além dos policiais militares que fazem ronda a pé em pontos estratégicos da cidade. Em resumo, os supedâneos não deverão retornar: “Não vemos motivos para isso, e, se alguém estiver se sentindo prejudicado, estamos abertos a conversas”, afirmou.
Investimentos – A maior parte do investimento para instalação das cabines ficou a cargo da empresa Tejofran de Saneamentos e Serviços, que comprou dez supedâneos. A empresa não quis comentar a decisão da Prefeitura de retirá-los das ruas. A Tejofran informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que colaborou apenas com a doação, mas que a administração é responsabilidade do poder municipal.
Os seis restantes foram divididos entre comerciantes que possuíam estabelecimentos próximos aos pontos onde as cabines foram instaladas. “Na época, não faltou comerciante querendo ajudar, tamanha a preocupação com a segurança. Só eu fui assaltado sete vezes no período de janeiro a julho, mais de uma vez por mês. Cada um deu R$ 100”, afirmou João Capitânio, 46 anos, que na época da instalação possuía uma loja na avenida Prestes Maia e encabeçou o movimento dos comerciantes.
Os comerciantes da avenida, que ainda colaboraram com a compra de rádios de comunicação para a Polícia Militar, afirmam que a criminalidade diminuiu após a instalação dos supedâneos. O local, entretanto, voltou a registrar freqüentes assaltos, segundo a comerciante Sueli Fraia. “Só na última semanas foram duas lojas da região roubadas”, afirmou.
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