Numa virada memorável, Gustavo Kuerten superou o norte-americano James Blake por 2 sets a 1 (parciais de 4/6, 6/4 e 6/0), na madrugada deste sábado, e assegurou vaga na semifinal do Masters Series de Indian Wells (EUA). Por volta das 18h deste sábado, Guga encara o alemão Rainer Schuettler, que perdeu os dois confrontos que teve contra o brasileiro.

Na quinta, depois de conquistar a vaga nas quartas, Guga havia afirmado que chegar à semifinal em Indian Wells seria seu melhor resultado desde o retorno da cirurgia no quadril, realizada em fevereiro de 2002. E o resultado é realmente expressivo.

Apesar de ter sido campeão duas vezes depois da operação (Aberto do Brasil/2002 e ATP de Auckland/2003), nenhum dos dois torneios se iguala em importância a um Masters Series (antigo 'Super 9'), categoria de competições que só fica atrás dos quatro Grand Slams (Aberto da Austrália, Roland Garros, Wimbledon e Aberto dos EUA). A última vez que Guga chegou à semifinal de um Masters Series foi em 2001, na conquista do título em Cincinnati (EUA). Em 99, Guga também chegou à semifinal em Indian Wells - foi eliminado pelo espanhol Carlos Moyá.

Rainer Schuettler, que nesta sexta-feira eliminou o americano Andy Roddick (2 sets a 0, parciais de 6/3 e 6/2), será outra pedreira no caminho de Guga em Indian Wells. O alemão foi vice-campeão no Aberto da Austrália (1º Grand Slam do ano) e ocupa o 2º lugar da Corrida dos Campeões (ranking da Associação dos Tenistas Profissionais que contabiliza os resultados do ano corrente). No Ranking de Entradas, que conta os resultados das últimas 52 semanas, Schuettler é o 15º.

Reação - Sem o apoio da torcida e contra um adversário que ofereceu resistência ferrenha até o 3º set, Gustavo Kuerten teve sua partida mais difícil em Indian Wells. Nem nomes como Goran Ivanisevic e Roger Federer deram tanto trabalho. O jogo teve momentos de nervosismo e Guga foi evoluindo ao longo dos sets, partindo de uma atuação instável no primeiro até uma grande performance no terceiro.

Blake, um dos destaques do ano em quadras rápidas, atacou Guga desde o início do 1º set. Os dois confirmaram seus serviços com relativa facilidade até o 8º game, com o placar empatado em 4 a 4. Na 9ª parcial, o catarinense pressionou o saque do americano e chegou a ter vantagem de 0-30. Mas Blake virou e confirmou. No 10º game, ele impôs a Guga a mesma pressão e teve sucesso: quebrou o serviço e fechou o set em 6 a 4. Enquanto o brasileiro cometeu 15 erros não forçados, o americano teve oito.

Embalado, Blake continuou agressivo no começo do 2º set. No 4º game, depois de confirmar dois serviços com facilidade, ele conseguiu uma chance de quebra (break point) contra Guga, que salvou com um ponto de saque (ace) e conseguiu empatar a parcial em 2 a 2. Mas a reação deu fôlego novo ao brasileiro. Guga assumiu uma postura mais agressiva e conseguiu duas quebras em seqüência, virando para 5 a 2. Sacando para o set, Guga se dispersou no 8º game e perdeu o serviço, mas retomou o controle e venceu por 6 a 4.

O último set foi um passeio do brasileiro em quadra. Nervoso desde a áspera discussão que teve com o juiz principal no 7º game do 2º set, Blake perdeu o ímpeto mostrado no início da partida e se tornou presa fácil para o catarinense. Guga, por sua vez, dobrou a agressividade e começou a vibrar em todos os pontos. O resultado não poderia ser outro: três quebras de serviço e um 'pneu' (gíria do tênis para derrota por 0) no americano. 6 a 0.

Bons resultados - A campanha em Indian Wells já rendeu a Guga saltos expressivos nos rankings que a ATP divulgará na próxima segunda-feira. Na lista de Entradas, que é o ranking mais importante, o catarinense já somou 225 pontos e deve pular do 24º para o 18º lugar. Caso vença o alemão, ganha mais 125 pontos (350 no total) e passa para o 15º posto. Na Corrida dos Campeões, onde é o 10º atualmente, Guga já ganhou 45 pontos e deve garantir pelo menos a 6ª posição. Se chegar à final, ganha mais 25 pontos e deve entrar no 'top 5'.

Guga e Rainer Schuettler têm dois confrontos: na primeira fase dos Jogos Olímpicos de Sydney/2000, em quadra rápida, e no Masters de Hamburgo de 1999, no saibro. O catarinense venceu as duas ocasiões sem ceder sequer um set.