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Suzana Vieira comemora sua primeira protagonista
Renata Petrocelli
Da TV Press
17/07/2004 | 21:23
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  Suzana Vieira poucas vezes esteve tão animada com um papel na TV. E isso apesar de se dizer exausta com o ritmo de gravações de Senhora do Destino, novela das nove da Globo. Até receber o convite de Aguinaldo Silva para viver a sofrida Maria do Carmo, a atriz reclamava de faltar a sua carreira uma mulher do povo, nordestina e cheia de fibra. Mas Suzana não imaginava ser, além disso, o centro do principal triângulo amoroso de uma trama às vésperas de completar 62 anos, tendo José Wilker e José Mayer nas outras pontas. “Triângulo amoroso é para quem tem 20 anos. Como temos mais de 50, já saímos no lucro”, diz, às gargalhadas.

No que depender de sua disposição, Suzana está bem mesmo. A atriz mantém o humor até no fim de um dia inteiro de gravações. E é rindo de si mesma que garante não ter tempo para mais nada – incluindo a ginástica, que, aliada à dieta e a uma lipoaspiração, ajudou a reduzir o manequim da atriz de 44 para 38. “Não poderia estar melhor, magra e trabalhando na maior emissora do Brasil”, gaba-se.

A mesma dose de autoconfiança ela demonstra ao falar da composição de suas personagens na TV. Graças aos 43 anos de carreira, Suzana garante que não precisa levar trabalho para casa. “Não fico torturada, estudando. Meu trabalho é feito no estúdio”.

TV PRESS – Como você se preparou para viver a Maria do Carmo?
SUZANA VIEIRA – Nunca criei minhas personagens indo a lugares, estudando um tema ou observando pessoas. Sempre me entreguei ao autor e ao diretor. É um exercício natural. Deixo as personagens entrarem no meu corpo quase espiritualmente, aceitando o que o autor escreve e ouvindo as diretrizes dos diretores. E acho que é assim que se prepara um personagem. Ninguém conhece mais a novela e a personagem que o Aguinaldo. Além disso, não adianta eu mergulhar profundamente numa personagem de TV, porque muita coisa pode acontecer. As pessoas morrem no meio do caminho, as novelas acabam de repente, as televisões saem do ar. É muito diferente de se fazer uma peça ou um filme. Quando tenho uma personagem fechada, mergulho nela, estudo a respeito. Na TV, eu não estudo. Aceito, acato e desenvolvo.

TV PRESS – Mas como você se inspirou para viver o drama de uma mulher que tem a filha seqüestrada?
SUZANA – Eu não gosto nem de imaginar uma situação dessas. Mas continuo achando que para expressar sofrimento a gente não tem de pesquisar ou se inspirar. Busco dentro de mim, com a minha experiência e os meus sofrimentos pessoais, algo que possa emprestar para a Maria do Carmo e que expresse o sofrimento de ter uma filha seqüestrada.

TV PRESS – O fato de construir uma personagem com sotaque era o que mais atraía você numa nordestina?
SUZANA – O sotaque foi desde o início minha maior expectativa. Primeiro, por ser novidade. Mas também por ser algo muito delicado. Tive várias aulas com a Jaqueline Priston, uma professora pernambucana que preparou a mim e a Carolina (Dieckmann, que viveu a Maria do Carmo jovem.) também. E tinha medo porque seríamos julgadas duplamente. Éramos nós duas fazendo o sotaque e fazendo a mesma personagem. Mas minha maior preocupação era de os nordestinos não entenderem o que estávamos fazendo. Porque eu acho que é uma grande homenagem não só a esse povo, mas ao povo brasileiro em geral.

TV PRESS – O que você achou da Maria do Carmo que a Carolina apresentou na primeira fase?
SUZANA – Foi maravilhosa, ela estava profunda, com a gravidade que a situação merecia. Acho que o público adorou a novela logo de cara graças àqueles primeiros capítulos. Aquele começo no Nordeste, os meninos, o cachorro, foi o melhor cartão de visitas que a gente poderia ter tido. Fiquei feliz, porque ela fez muito bem e me apresentou muito bem para o público. Se as pessoas tivessem rejeitado a personagem no começo, seria muito mais difícil eu entrar.

TV PRESS – A Maria do Carmo é a nordestina que você esperava interpretar?
SUZANA – Acho a personagem maravilhosa. Não cresceu por caminhos errados, não cresceu colocando seu corpo à venda, como está muito na moda se justificar quando se tem filhos para criar. É ótimo a gente poder mostrar uma mulher que veio do Nordeste e deu certo. Não adianta mostrar só o que dá errado. Acho muito triste a pessoa ter de sair de sua cidade natal para vencer na vida. Eu adoraria que todos os nordestinos pudessem voltar para suas casas realizados, porque o sonho deles é este. Só que a Maria do Carmo adorou Caxias. Mesmo que encontre a filha, ela não vai querer sair de Caxias por nada neste mundo. Aquele lugar é a cara dela.

TV PRESS – Quais as suas expectativas com relação ao triângulo entre a Maria do Carmo, o José Dirceu e o Giovanni?
SUZANA – Acho até que a Maria do Carmo não deveria estar jogando tanto charme para o Giovanni. Mas sou eu que estou jogando charme para o Wilker. Ele é um ótimo ator, muito engraçado, me estimula muito. E já temos intimidade, porque trabalhamos muitos anos juntos. Existe uma química ótima entre nós dois, um respeito e uma adoração um pelo outro. Acho que isso passa para a novela. E acho que este triângulo vai dar o maior caldo. Estou adorando o fato de o Zé Mayer interpretar pela primeira vez um homem fiel, depois de ter tido mulheres belíssimas na ficção. E é ótimo ter o Wilker por ali. O José Dirceu é muito apaixonado pela Maria do Carmo, precisava ter alguém que o desestruturasse. Senão, ficaria tudo fácil demais para ele.




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