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Criações de Burle Marx padecem em Santo André
Por Everaldo Fioravante
Do Diário do Grande ABC
02/06/2004 | 20:02
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Nesta sexta completam-se dez anos da morte do paulistano Roberto Burle Marx (1909-1994), o mais importante arquiteto paisagista brasileiro e um dos mais fecundos do mundo ao longo do século XX. Algumas iniciativas estão planejadas para lembrar a data.

Também artista plástico e botânico autodidata, Burle Marx assina obras no Grande ABC, sendo a mais importante delas o projeto paisagístico do Centro Cívico de Santo André, o chamado Paço Municipal. Para esse conjunto ele criou um belo mural em concreto (instalado no saguão do Teatro Municipal) e uma monumental tapeçaria (que fica no nono andar do prédio da Prefeitura). São trabalhos datados de 1969.

Em Santo André, infelizmente, o legado de Burle Marx padece. Sua maior criação no conjunto, o calçamento em mosaico do Paço Municipal, apresenta dezenas de buracos e remendos. O mato cresce entre as pedras. O mural em concreto tem rachaduras, manchas e rabiscos de vândalos.

Em março de 2001, a arquiteta Denise Brasil, então gerente do Paço Municipal, disse ao Diário que havia realizado uma lista de prioridades do que deveria ser reformado no Paço, entre as quais figuravam o calçamento e o mural.

Segundo a assessoria de imprensa da Secretaria de Serviços Municipais, o projeto da arquiteta Denise “continua valendo”. Porém, “não há previsão orçamentária para realizá-lo ainda este ano, tendo em vista que ele consumiria investimentos de, no mínimo, R$ 5 milhões”.

Já a tapeçaria de valor incalculável, que mede 3,5m x 26m – e é a maior já criada por Burle Marx –, há décadas sofre deterioração. A obra está suja, ostenta dezenas de pregos enferrujados com os quais ela é fixada na parede. Fotos do Diário feitas em 1993 já denunciavam o uso dos pregos na fixação. A Prefeitura tem um projeto de restauro para a tapeçaria, orçado em R$ 304 mil. “Assim que o ministro da Cultura, Gilberto Gil, terminar de reorganizar o Fundo Nacional de Cultura, enviaremos o projeto ao órgão”, afirma Marta de Betânia Juliano, diretora do Departamento de Cultura da cidade. A assessoria de imprensa do Ministério da Cultura informa que recebeu projetos candidatos a receber recursos do Fundo regularmente até o último dia 30 de abril. O recebimento foi suspenso e deve ser retomado no próximo mês.

Em abril de 2002, Marta disse à reportagem do Diário que tal projeto de restauro estava em fase de finalização.




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