Café feito no coador de pano, fogão a lenha, degustação de goiabada cascão com queijo e decoração com peças de artistas mineiros. A recriação de uma casa com símbolos fortes da cultura do Estado de Minas Gerais despertou a atenção dos profissionais de viagem que participaram do 36º Congresso da Abav (Associação Brasileira de Agências de Viagens), a maior feira de turismo das Américas, encerrada no último dia 26 no Rio de Janeiro.

Toda a concepção foi orientada para mostrar um roteiro diferenciado. O objetivo é que o turista veja mais do que igrejas e museus, e vivencie novas experiências, participando da vida local. Visitas a ateliês de artistas, aulas de artesanato, tomar cafezinho nas casas dos moradores e cavalgadas são algumas das opções.

O modelo foi batizado de Cardápio Turístico das Cidades Históricas e é fruto do esforço das 24 prefeituras que apostaram na identidade local para incrementar a atividade. Ouro Preto, Mariana, Sabará, Diogo de Vasconcelos e Itabira são algumas das cidades que estão colhendo os frutos da iniciativa, implantada em agosto de 2007.

Os primeiros resultados mostram que houve um aumento de 15% sobre o movimento mensal de 11 mil turistas. Foram qualificados 260 novos empreendedores: do Sr. Tião, que fabrica vasos de cerâmica, às senhoras com até 80 anos de Santa Bárbara, que oferecem café colonial em suas casas e atuam como guias de turismo. "Eles não só foram integrados à atividade, com incremento da renda, como se sentem mais valorizados pelo fortalecimento da identidade", avalia a gestora da Associação das Cidades Históricas de Minas Gerais, Míriam Rocha.

O projeto foi dividido em Região das Artes, Manifestação, Riqueza, Histórias e Tradições. Todas as cidades que integram o circuito foram escolhidas a partir de pré-requisitos, como possuir monumentos tombados, sinalização e um plano diretor.

Um roteiro com os horários e endereços dos locais que podem ser visitados já foi impresso para facilitar a escolha do visitante. E o acerto da idéia continua a dar frutos. Os novos empreendedores e os empresários das áreas de hotelaria e alimentação trocam informações constantes.

Míriam diz que, por conta própria, eles organizaram uma rede: "Agora, estimulam o turista a explorar a região, dando dicas das atrações dos vizinhos".