Brasileiro deixa ginásio celebrando e garante que
medalha foi mais significativa que título em Londres
A expectativa era enorme sobre Arthur Zanetti. Campeão olímpico, mundial e pan-americano, o são-caetanense se mostrava um dos grandes favoritos ao ouro na prova das argolas. O bicampeonato, porém, escapou depois de apresentação praticamente perfeita do grego Eleftherios Petrounias, que conseguiu incríveis 16.000 pontos e colocou água no chope da torcida brasileira no Rio de Janeiro.
Com 15.766, Zanetti ficou com a prata – o bronze foi do russo Denis Ablyazin, com 15.700 – e deixou o ginásio satisfeito. Sem demonstrar decepção, disse que a conquista foi mais expressiva para ele do que o ouro em Londres-2012. “A prata aqui (no Rio de Janeiro) deu mais alegria. Foi maravilhoso. Estar em casa defendendo o título é muito mais difícil, então tem de festejar”, sugeriu.
Para se ter ideia da nota conseguida pelo grego, Zanetti só registrou uma vez pontuação capaz de ter lhe dado o ouro no Rio de Janeiro. Foi na etapa da Copa do Mundo de São Paulo, em 2015, quando fez 16.050.
Zanetti mostrou-se incomodado quando perguntado se estava decepcionado. “Isso que é o problema de muita gente: só ouro. Em Olimpíada, estar na final é excelente. Muita gente não sabe o quanto os atletas se dedicam. Ele (Petrounias) teve menos erros e levou o ouro”, disse. “O resultado pouco importava, saí satisfeito”, acrescentou ele, o primeiro brasileiro a conquistar duas medalhas olímpicas na ginástica.
Depois, foi a vez de Flavia Saraiva tentar medalha na trave. Apesar de ter se classificado em terceiro e se poupado ao não participar da disputa por equipes, ela teve dois desequilíbrios e ficou na quinta posição, com 14.533 pontos. A holandesa Sanne Wevers levou o ouro, com 15.466, e as norte-americanas Lauren Hernandez e Simone Biles ficaram com a prata e o bronze, respectivamente, com 15.333 e 14.733.
Colegas de treino vibram com a apresentação do são-caetanense
A medalha de ouro não veio, mas para os cerca de 30 ginastas da equipe de São Caetano que se reuniram ontem no Agith, onde Arthur Zanetti treina, para vê-lo competir isso não tem a menor importância. Atentos a cada movimento que o ginasta fazia no Rio de Janeiro, eles vibraram com a prata e se sentiram representados.
Qualquer aparição de Zanetti no televisor posicionado de frente para a área das argolas onde o ginasta treina provocava reação instantânea. Durante a apresentação, silêncio absoluto. Só quando o campeão em Londres-2012 aterrissou que ouviu-se grito de satisfação.
“Estar na final das argolas pela segunda vez seguida em Olimpíada já é grande feito, levar medalha é histórico. Arthur fez uma grande prova, mas desta vez não deu para ficar com o ouro. Porém, estamos muito felizes porque valoriza o trabalho de todo mundo aqui no ginásio”, comentou o assistente técnico da equipe de São Caetano, Hugo Lopes de Oliveira.
Zanetti é visto como espelho para dezenas de jovens que estão iniciando na ginástica. Um desses exemplos é Yuri Monteverde, 13 anos, que vem se especializando justamente na prova das argolas e sonha em ser o sucessor de Zanetti.
“Ele é a minha referência. É o que eu quero ser quando crescer. Arthur é diferente dos outros atletas, muito forte”, disse o tímido ginasta, que sonha com os Jogos de 2024.
Assim como aconteceu após a Olimpíada de Londres-2012, a expectativa é que nos próximos dias cresça consideravelmente a procura por vagas no Agith, que tem disponíveis para crianças de 5 a 10 anos.
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