Está difícil de entender a estratégia política do advogado Fábio Picarelli (DEM), ainda que ele não tendo conquistado qualquer cargo eletivo até o momento. Mesmo porque nunca foi candidato. Então, comecemos por esse fato. Em 2014, então presidente da OAB de Santo André, Picarelli afirmava que tinha convite de mais de dez partidos para concorrer a uma vaga na Assembleia Legislativa ou na Câmara Federal. Apesar do movimento e das conversas, nem a filiação nem a candidatura se efetivaram. Neste ano, filiado, enfim, ao DEM, disse que era candidato a prefeito até um dia antes da convenção. Desistiu para apoiar Aidan Ravin (PSB), que tenta voltar ao comando do Paço.
Sua atitude deixou irritados filiados e pleiteantes a vereador da legenda. E soou contraditória, pois em passado recente fez eventos, os quais diz que eram contra a corrupção de maneira geral, mas tinham como alvo o socialista, que estava no PTB e era o prefeito, cuja administração estava envolvida em suposto caso de vendas de licenças ambientais no Semasa. Chegou a criar, junto com outras entidades de classe, comissão para fiscalizar o Poder Executivo. Prometeu iniciativas duras e expansão do movimento. Alguém lembra de algum resultado ou de continuidade do grupo?
Neste ano, quando ainda estava de pé o projeto de Picarreli concorrer ao Executivo, o advogado fez algumas ações publicitárias. Dentre elas, envelopou um ônibus e confeccionou um banner gigante juntamente com dois candidatos ao Legislativo. O PT ingressou com ação na Justiça Eleitoral, que o condenou a pagar R$ 5.000 por cada uma das duas divulgações – cabe recurso ao TRE-SP. Vejam, Picarelli sequer foi candidato a prefeito e foi punido por campanha antecipada. Um fenômeno!
Recapitulando: se promoveu a partir da presidência da OAB, desistiu de duas candidaturas, criticou um gestor e hoje está aliado a ele, organizou movimento político que naufragou, prometeu efetividade e entregou inatividade, feriu a legislação eleitoral mesmo sem ser candidato e arrumou confusão interna no partido. Conclusão: o advogado está apenas começando a cerreira na política, mas parece que já está nela há décadas.

Entre tapas e beijos
Candidato a vice-prefeito de Santo André na chapa encabeçada por Raimundo Salles (PPS) em 2012, Ricardo Torres (PSDB) afirma que os entreveros com Paulinho Serra, candidato tucano ao Paço neste ano, são coisas do passado. “Está tudo superado. Sou homem de partido. Paulinho é o nosso nome e estou com ele nesse projeto, que é coletivo e partidário”, afirma Torres, que preside o ITV (Instituto Teotônio Vilela) na cidade. Fora de cargos públicos desde 2013, segundo ele, dedica-se atualmente a escritório advocatício particular na Capital e profere aulas na Fundação Santo André. Tem ajudado na formulação do plano de governo de Paulinho. Portanto, saiu da linha de frente para atuar nos bastidores. Torres, que era presidente municipal da sigla, brigou com Paulinho em 2011. Ele não queria que o PSDB tivesse candidato ao Paço em 2012. Paulinho queria encabeçar a chapa. Diante da rusga, deixou o partido, filiou-se ao PSD e apoiou Carlos Grana (PT). Paulinho voltou ao PSDB ano passado. Torres não disputou a reeleição para mais um mandado à frente da legenda. Paulinho deu as cartas na eleição interna. Hoje, ao menos publicamente, se aceitam.

Contradição ocasional
Um carro transita pela Via Anchieta, em São Bernardo. Possui dois adesivos na parte traseira. Um deles de apoio à campanha de Tarcisio Secoli (PT) a prefeito de São Bernardo. O detalhe: a placa do veículo possui as letras DIB, que lembra do tucano William Dib, ex-chefe do Executivo e ex-deputado federal, rival histórico do petismo.

E agora?
Movimentos sociais prometem fazer protesto na frente da Prefeitura de Diadema no início da semana, contra a vice-prefeita Silvana Guarnieri (PSB), que toma posse na terça-feira, pelo fato de ela responder processo de improbidade administrativa. O prefeito Lauro Michels (PV), que se afasta do cargo para cuidar da campanha de reeleição, já foi convidado, pois estava no protesto contra a corrupção no País na Avenida Paulista.