Dilma caiu; um dos grandes responsáveis por sua queda, Eduardo Cunha, está para cair (apesar de resistente: seu processo de cassação completa hoje 301 dias). Lula, que, segundo o dirigente petista Gilberto Carvalho, era um Pelé aguardando entrar em campo, foi acusado pelos procuradores da Lava Jato de participação ativa em esquema criminoso; e ainda vai aparecer a delação premiada de seu marqueteiro João Santana, e a do ‘príncipe dos empreiteiros’, Marcelo Odebrecht, nas quais, dizem, há material explosivo. Sua mulher e um filho foram intimados a depor pela Polícia Federal sobre o sítio de Atibaia.
E os candidatos do PSDB? Aécio já apanha no setor de doações de campanha; Serra, segundo as primeiras informações a respeito da delação de Marcelo Odebrecht, teria recebido R$ 23 milhões para o caixa dois de sua campanha de 2010. Temer reeleito? Mas a Odebrecht disse ter dado R$ 10 milhões ao PMDB, a pedido de Temer, em 2014, para pagar dívidas da campanha de Gabriel Chalita para prefeito e para o caixa dois de Paulo Skaf para governador. Temer confirma o pedido, mas diz que agiu dentro da lei.
E há o segundo time: Paulo Bernardo e Gleisi Hoffmann, com um flat em Curitiba exclusivo para tratar de fundos desburocratizados; Guido Mantega, apontado como arrecadador, ao lado de Palocci. Alckmin tem o problema da merenda escolar, mais os trens do Metrô.
Candidatos à Presidência? Pensando bem, não resta um, meu irmão.
O famoso quem
Talvez seja hora de os partidos começarem a procurar candidatos à Presidência fora do primeiro plano da política. É melhor ter candidatos desconhecidos do que apelar para os de sempre, já bem conhecidos.
Fim de uma era
O PT inteiro, aliás, corre risco de vida. Entra enfraquecido nas eleições municipais, com apenas um candidato viável numa capital (João Paulo, Recife), mesmo assim num duelo difícil. E talvez nem entre: o presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), ministro Gilmar Mendes, abriu processo de fechamento do partido, com base nas descobertas da Lava Jato de uso de recursos públicos nas campanhas. Comprovado o uso de dinheiro irregular, o PT fica proibido de disputar eleições.
Detalhe curioso: Gilmar Mendes tinha mandado abrir o processo há 11 meses. E não é que toda a papelada sumiu do TSE, obrigando-o a remontar tudo, agora que preside o tribunal? O presidente do TSE na época, ministro Dias Toffoli, no meio de toda essa confusão política, com toda a certeza nem tinha percebido o sumiço.
Sai e entra
O problema de Gilmar Mendes é que fechar o PT pode ser fácil; mas o que fazer dos milhões de petistas, de Lula, dos ‘guerreiros do povo brasileiro’ que, tão logo deixem suas acomodações em Curitiba, vão voltar a fazer política? Fechado o PT, surgirá um novo partido para abrigá-los; ou assumirão o comando de alguma legenda existente. Sumir é que não vão.
Do mar ao ar
Não é só a delação de Marcelo Odebrecht que liga sua empreiteira a Michel Temer. Toda a história começou no porto de Santos, onde a Odebrecht construiu um enorme terminal de contêineres, o Embraport, fora da área de portos. Embora não fosse permitido construir um porto fora da área de portos, a empresa o construiu exclusivamente com empréstimos oficiais, do BNDES e do BID, com juros de algo como 3% (sim, três por cento) ao ano (sim, ao ano!). Como empreiteira, ainda recebeu pela construção.
Dias depois de inaugurado o porto, a presidente Dilma Rousseff assinou lei autorizando a construção e operação de portos fora das áreas de portos. Nesse período, informa o premiado repórter Cláudio Tognolli, do site internacional Yahoo!, Pedro Moreira Franco, filho de um dos políticos mais próximos de Temer, Moreira Franco, foi em cinco anos de trainee a diretor da Odebrecht. Moreira Franco, como secretário nacional da Aviação, indicado por Temer, comandou a licitação do Galeão – ganha pela Odebrecht. Veja as reportagens de Tognolli, com a história completa do mar ao céu, em https://goo.gl/VocD6Y e https://goo.gl/2pFZZp.
Como é mesmo?
Mas a festa continua. O Diário do Litoral, de Santos, descobriu um processo interessantíssimo da Embraport/Odebrecht: a empresa não quer pagar o IPTU à prefeitura de Santos alegando que construiu seu porto em área rural e de proteção ambiental. Ué, e podia? Veja a reportagem inteira em http://goo.gl/bxbGxj.
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