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Campanhas salariais na região mobilizam 70 mil
Por Frederico Rebello Nehme
Do Diário do Grande ABC
23/04/2005 | 17:35
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Pelo menos sete categorias com cerca de 70 mil trabalhadores no Grande ABC esperam conseguir aumento real de salários em negociações trabalhistas que acontecem entre maio e junho. Em comum, a busca por índices superiores ao do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), medido pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), estimado pelos sindicalistas em 6%, aproximadamente, referente aos períodos de 12 meses que se encerram em maio e junho.

Químicos da indústria farmacêutica, rodoviários, trabalhadores da construção civil, das indústrias de panificação e da borracha, da saúde privada e costureiras, entre outros, já começaram ou estão prestes a iniciar as negociações com seus sindicatos patronais, que vão gerar reflexos diretos na renda do trabalhador na região.

A orientação, tanto da CUT quanto da Força Sindical, pela busca do aumento real e da isenção de tarifas bancárias (algumas categorias já conseguiram a tarifa zero antes da negociação), está sendo seguida pelos sindicatos. Parte dessas categorias luta para manter a coesão e aumentar o "poder de fogo" nas negociações, diferentemente das categorias com data-base no segundo semestre (metalúrgicos, bancários, petroleiros, químicos de outros setores), com maior nível de organização.

Pelo menos uma das categorias com data-base no primeiro semestre no Grande ABC pode entrar em greve: trabalhadores da construção civil, influenciados pelas paralisações que aconteceram na cidade de São Paulo, promovidas pelo Sintracon (Sindicato dos Trabalhadores da Construção Civil), da Força Sindical. As negociações da categoria na região – que só possui sindicatos da CUT –, já começou e está sendo realizada em conjunto com as de outras regiões do interior do Estado de São Paulo. A expectativa é superar o resultado obtido na capital, de 8,12% de reajuste, com aproximadamente 2% de ganho real.

"Os trabalhadores já estão mobilizados para realizar paralisações. Queremos definir a campanha salarial até o dia 1º de maio. Se isso não acontecer, é quase certo que entraremos em greve", afirma Waldemar Pires de Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores na Indústria da Construção Civil e Mobiliário de São Bernardo e Diadema.

Recuperação – A recuperação de perdas históricas também integra a pauta de algumas categorias, como a dos rodoviários. O Sindicato dos Rodoviários do ABC, filiado à CUT, pede 36% de aumento, referente às perdas dos últimos cinco anos.

"Queremos recompor o salário do trabalhador, que nos últimos cinco anos não conseguiu manter o nível de renda pelas negociações. Além disso, queremos o aumento da PLR (Participação nos Lucros e Resultados) e do valor dos tíquetes-refeição, também como forma de aumentar a renda do trabalhador", afirma Francisco Mendes da Silva, presidente do sindicato.

Mobilização – O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Estabelecimentos Privados de Saúde do ABC (filiado à CUT), Valdir Tadeu David, afirma que o maior desafio da categoria na campanha deste ano será mobilizar os trabalhadores em torno de objetivos únicos. "Os trabalhadores da saúde privada no Grande ABC ainda não têm capacidade de organização e coesão como em outros setores. Queremos aumentar a força da categoria reunindo os trabalhadores em torno dessa campanha", afirma David.

A categoria, com data-base em maio, negocia com quatro sindicatos patronais distintos – de hospitais privados, entidades de saúde filantrópicas, entidades de medicina de grupo e clínicas veterinárias –, o que aumenta a dificuldade de negociação. Até agora, segundo David, nenhuma das propostas oferecidas superam os 5%, ficando abaixo da inflação esperada para o período. "Todos os sindicatos patronais afirmam que estão ‘quebrados’, mas vemos reformas em edifícios e publicidade em diversas mídias. A situação não está tão ruim assim", diz




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