Em nome do Fatah, Barghuthi conseguiu, de dentro da prisão, convencer os grupos islamitas radicais como o Hamas e a Jihad Islâmica da necessidade de dar uma chance ao processo de paz. "Barghuthi tem uma personalidade carismática e, além disso, um grande poder de persuasão e influência", declarou à AFP o diplomata britânico Alastair Crook.
"É um homem que tem a capacidade de impor mudanças e desempenhar um papel importante no âmbito palestino", afirmou o diplomata, que acompanha as atuais negociações de trégua.
Para conseguir um cessar-fogo mesmo estando preso, Barghuthi, que também é deputado, sem dúvida agiu com o consentimento das autoridades israelenses. Mesmo que a trégua não vingue, Barghuthi já terá tido o êxito de conseguir algo que as negociações entre o primeiro-ministro palestino Mahmud Abbas (Abu Mazen) e os grupos radicais não conseguiram: um acordo de princípio.
Enquanto as reuniões entre grupos palestinos e o governo israelense prosseguiam em Gaza, um plano preparado por Barghuthi e transmitido a estas organizações por seu advogado, Jadr Chkeirat, abriu passagem lentamente entre os dirigentes do Hamas e da Jihad Islâmica.
Este plano foi a base das negociações entre Kadura Fares, assessor de Barghuthi, e os dirigentes dos grupos radicais. "A confiança que Barghuthi desperta em todos os grupos palestinos contribuiu para que estas negociações dessem frutos", afirmou Fares. >
Chkeirat explicou que as conversações tiveram início em agosto de 2002, quando Barghuthi pediu que ele se reunisse com dirigentes do Hamas e da Jihad. "Este diálogo continuou de forma intermitente desde o início das negociações interpalestinas celebradas no Cairo (final de 2002), foi suspenso devido à guerra no Iraque e reiniciado depois do fim do conflito", acrescentou.
Durante todo este tempo, o advogado transmitiu mensagens de Barghuthi aos dirigentes radicais, sempre depois de informar a Yasser Arafat, o líder emblemático do Fatah e presidente da Autoridad Palestina.
Barghuthi, de 43 anos, foi detido em abril de 2002 pelo exército israelense em Ramallah. Em setembro de 2002, foi indiciado por assassinato por um tribunal israelense. O líder do Fatah, que não reconhece a autoridade do Estado hebreu, pode ser condenado à prisão perpétua.
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